O almirante Gouveia e Melo admitiu este sábado que “os sinais internacionais” são “preocupantes”, decorrentes da guerra na Ucrânia e dos efeitos que o conflito pode ter na Europa. “Há duas formas de estar perante estes cenários internacionais: uma forma é ignorar os problemas, outra forma é prevenir os problemas. Eu sou mais adepto de prevenir”. 

Numa entrevista à TVI, questionado sobre uma possível vitória do antigo Presidente norte-americano Donald Trump e os efeitos que teria na defesa europeia, Gouveia e Melo reconheceu que é natural que os Estados Unidos da América (EUA) “exijam mais aos europeus”. Lembrou ainda que Washginton também tem de se preocupar com o “Pacífico”, por conta da competição com a China.

Sobre se os europeus estão dispostos a investir mais e a fazer mais na Defesa, o líder militar indicou que “pouco a pouco se vai instalando essa noção”. “Devemos falar sobre os problemas, em vez de evitar falar sobre eles. Julgo que de uma forma geral e com o consenso nacional haveremos de encontrar as soluções adequados”. 

Relativamente à falta de efetivos, o chefe da Armada insistiu que é necessário “procurar resposta para os problemas”. “Temos de encontrar as soluções em consenso nacional e de forma estruturada”, disse, acrescentando que o “futuro a isso nos vai obrigar”.

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Questionado sobre os jovens e a vontade, ou falta dela,  de ingressarem num carreira militar, o chefe da Armada referiu que já viu “jovens participativos, interventivos e esclarecidos”, desmentindo a ideia de que os mais novos não estão empenhados na defesa do país. Num cenário limite, em que se fica “encurralado”, Gouveia e Melo antecipa que a vontade cresce “conforme se vai sentir mais ou menos encurralado”.

“Ninguém deseja que se venham materializar os cenários piores”, ressalvou Gouveia e Melo, assinalando que “uma forma para evitar que se concretizem” é “mostrar a preparação e a nossa vontade”, adotando-se para isso uma “atitude preventiva”.

Interrogado sobre se não adotou uma postura demasiado dura relativamente à gestão do caso NPR Mondego, o chefe da Armada recusou essa tese, afirmando que a “indisciplina não pode existir nas Forças Armadas”. “A disciplina é a cola das Forças Armadas, é a estrutura do bom funcionamento das Forças Armadas”, sublinhou. “Se caiu bem ou cai mal, eu fiz o que tinha de fazer.”

Naquilo em que Gouveia e Melo não está a pensar é numa candidatura à presidência da República. “Eu tenho dito e afirmado que sou um líder militar. Estou concentrado a 110% na minha missão, que não é uma missão fácil. Não penso no meu futuro.”