O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, apelou esta segunda-feira à libertação de Julian Assange, depois do fundador do portal Wikileaks ter sido autorizado a recorrer do pedido de extradição do Reino Unido para os EUA.

Albanese reiterou anteriores apelos ao fim do processo apresentado pelas autoridades norte-americanas contra Assange, dizendo que “não havia nada a ganhar” com a detenção do cidadão australiano.

“Continuamos a trabalhar em estreita colaboração para alcançar este resultado”, disse o chefe do Governo da Austrália aos jornalistas.

Albanese tinha dito no início deste ano que o processo contra Julian Assange “não pode continuar indefinidamente“.

Os juízes Victoria Sharp e Jeremy Johnson, do Tribunal Superior de Londres, consideraram na segunda-feira que Assange tem motivos para contestar a ordem de extradição do Governo britânico.

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A data do recurso não foi ainda determinada, mas deverá prolongar o processo durante mais vários meses.

Assange, que está preso na prisão de alta segurança de Belmarsh (em Londres) desde 2019, não compareceu no tribunal por razões de saúde física e mental.

Numa decisão em março, o tribunal tinha considerado válidos três dos nove argumentos apresentados pela defesa de Assange contra a extradição e exigiu mais garantias às autoridades norte-americanas.

Na decisão, datada de 26 de março, os juízes tinham autorizado provisoriamente Assange a recorrer de partes do seu processo se Washington não desse algumas garantias.

Na ocasião, os juízes deram aos Estados Unidos três semanas para apresentarem “garantias satisfatórias” que Assange podia invocar a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão, e que teria os mesmos direitos que um cidadão norte-americano. O tribunal também pediu garantias de que não seria aplicada a pena de morte.

Os EUA acusam Assange de 18 crimes de espionagem e de intrusão informática pelas revelações feitas no portal WikiLeaks através da divulgação de documentos confidenciais, que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.

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Na audiência realizada na segunda-feira na capital britânica, os advogados de Assange argumentaram que os EUA deram garantias “manifestamente inadequadas”.

Washington quer julgar Assange pela divulgação de mais de 700 mil documentos secretos e é acusado pelas autoridades norte-americanas ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, podendo ser condenado até 175 anos de prisão.

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Assange foi detido pela polícia britânica em 2019, após sete anos de reclusão na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação. Desde então encontra-se na prisão de alta segurança de Belmarsh, no leste da capital britânica.