Pode ou não ter sido o último jogo de Sérgio Conceição pelo FC Porto, voltou a ser garantidamente um jogo como se fosse o último (ainda que não tivesse sido). O técnico dos azuis e brancos voltou ao Jamor, o que já se tornou um hábito desde que assumiu o comando dos dragões, e saiu não só com mais um triunfo no bolso mas ainda com uma série de registos que o destacam no comando portista. Foi isso também que representou a vitória frente ao Sporting após prolongamento, com golos de Evanilson e Taremi no jogo de despedida.

Foi o nervosismo de um miúdo que rebentou com eles (a crónica da final da Taça de Portugal)

Com mais um troféu, Sérgio Conceição tornou-se o treinador na história do futebol português com mais títulos conquistados pelo mesmo clube (11). Mas houve mais: igualou as quatro Taças de Portugal de Otto Glória e José Maria Pedroto, tornou-se apenas o segundo técnico a ganhar o troféu em três temporadas consecutivas (antes só Pedroto tinha conseguido) e aumentou o recorde de vitórias consecutivas na Taça de Portugal (21), tendo apenas uma derrota no tempo regulamentar ao longo de 41 encontros ao longo de sete anos. Com tudo isso, contas feitas, o FC Porto manteve a senda de ganhar pelo menos um troféu por ano, algo que não passou ao lado da análise do técnico dos azuis e brancos na sala de conferência de imprensa.

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“A quem dedico este título? Tive a oportunidade de dedicar à minha família… São muitas horas no FC Porto e normalmente quem paga é a família, queria um pai mais presente, não queriam se calhar ouvir opiniões que fogem da verdade… Foi o ano mais difícil destes sete, confesso. Os jogadores tiveram uma dedicação incrível, tive de tomar decisões que sofri com elas mas tinha de colocar a equipa em primeiro lugar, depois as eleições… Mas depois chegamos ao fim e conquistámos um título, o que aconteceu sempre”, destacou depois da análise a um jogo “típico de final e muito competitivo”: “O jogo até se tornou mais difícil com o baixar das linhas depois da expulsão. Não conseguimos fazer o que tínhamos preparado para exploração dos espaços. Criámos mais oportunidades, o Sporting criou dificuldade nos esquemas táticos mas foi uma vitória justa”.

Ainda assim, e também neste espaço, Sérgio Conceição voltou abordar a questão da continuidade ou não que assumiu já estar decidida. “Adeptos a pedirem para ficar? Os adeptos depois de ganharem, como são muito apaixonados e vivem muito o clube, é normal que um ou outro diga para ficar mas se calhar em casa um ou outro estará a criticar nas redes sociais… Mas não é por aí que tomo as minhas decisões”, atirou. “Cheguei depois de um período de quatro anos sem ganhar e voltámos a ter a hegemonia do futebol português e ganhámos 11 títulos em sete anos, igualando o Benfica e o Sporting que são os nossos maiores rivais. Amanhã começa uma nova era, um novo ano, para se preparar muita coisa”, acrescentou mais tarde.

Por fim, Sérgio Conceição abordou também a expulsão no prolongamento da final da Taça de Portugal. “Sou competitivo… Desde miúdo que aprendi a lutar muito pelos sonhos e objetivos. Vim de uma aldeia perto de Coimbra, tive pessoas importantes mas ninguém me deu nada, tive de lutar muito por isso. Sou muito competitivo, sou exigente comigo próprio… Houve momentos esta época e noutras em que podia e merecia ser expulso, hoje acho que foi porque saí da minha área técnica. Vi que o Evanilson se tinha magoado a sério, se calhar foi exagerado. Se acho que é justo, não acho. Se acho justo um jogador ver amarelo quando tira a camisola, não acho. Uma expulsão que não teve nada de especial”, referiu na conferência de imprensa.

Antes, na zona de entrevistas rápidas, o técnico portista tinha falado também sobre o seu futuro, que estará decidido e que será anunciado nos próximos dias: “Eu já disse e fiz questão de dizer na antevisão que essa situação está muito definida na minha cabeça. Nos próximos dias saberão. Já tomei a decisão, sim”.

“Sou a mesma pessoa, com o mesmo brilho que tinha quando cheguei ao FC Porto. Foram sete anos maravilhosos no meio de muita dificuldade, este foi o ano mais difícil, com um grupo muito jovem. Todos os anos vamos perdendo alguma daquela qualidade, o que acho normal. Se o planeamento pode ser feito de outra forma? Sim. Mas para um grupo que não faz parte do top da Europa, é normal. Foi tudo fruto de muita dedicação e paixão. Queria ter ganho mais mas fomos sempre muito competitivos. Trouxemos isso de volta ao clube. Vínhamos de quatro anos em que não tínhamos ganho nada. Não foi fácil. Uma palavra também para a minha equipa técnica, que tem muito valor. Agora, com muita tranquilidade, voltar ao Porto. Na minha cabeça está muito claro o que eu vou fazer. Na próxima semana saberão a decisão”, anunciou.

“Se ganhava uma eleição para treinador do FC Porto? Importante é ver a forma como eu olho para os adeptos. Vejo sempre uns adeptos apaixonados, com uma exigência incrível por títulos. E eu cresci nessa exigência e paixão, com sentimentos muito marcados pelo que é o respeito, a exigência e a gratidão. Para muita gente não foi eticamente correto eu assinar a renovação a dois dias da eleição. Se eu era o treinador dos três candidatos, por que não? Queria dar essa imagem para o povo. Era dar força para um dos candidatos. Mas para mim foi importante. Se um dia o presidente me deixar partilhar muito do que foi dito naquela hora e meia de conversa que eu tive com ele naquela sala, as pessoas metem a viola no saco como se costuma dizer porque acredito que quem tem esses valores de paixão e gratidão entende que não podia abandonar assim o barco. Nunca serei um entrave para o FC Porto. Nunca estive agarrado a nada nem nunca estarei. Sou de família muito humilde e com esses valores bem vincados”, salientou o técnico.