O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, deixou esta quinta-feira a Venezuela manifestando preocupação pelo aumento de casos de portugueses que passaram da classe média para a baixa.

“Agora a verdade é esta: pessoas com dificuldades, que já foram classe média e hoje são classe baixa, muito humilde. Temos mais, temos muitos mais. E isso é muito preocupante”, disse o governante português.

José Cesário falava aos jornalistas, em Caracas, ao finalizar uma visita de quatro dias à Venezuela, onde entregou apoios sociais ao movimento associativo do Distrito Capital, Arágua, Carabobo, Lara e La Guaira.

“[É uma comunidade] muito resiliente. Temos aqui gente que está a lutar muito. Felizmente temos muita gente que está bem, numa situação muito razoável. Eu diria melhor do que estava há alguns anos. Já encontrei aqui muitos mais casos complicados do que encontro agora”, disse.

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José Cesário explicou que agora há também os lusodescendentes que, independentemente das suas idades, começam a olhar para Portugal como o seu país, sublinhando que o é “de facto”.

“E também temos a esse nível, pessoas que estão a aguardar pelo desenvolvimento, de processos de nacionalidade, que estão atrasados, pelos registos, […] essas são matérias que temos de trabalhar e temos de fazer melhor”, disse.

Por outro lado, Cesário elogiou a solidariedade da comunidade portuguesa local, citando como exemplo a ONG Regala Una Sonrisa (“Dê um sorriso”, na tradução do castelhano), uma das organizações que receberam apoio de Lisboa.

“É um exemplo claro de empreendedorismo na área social realizado por Francisco Soares, um lusodescendente, que passou muitas dificuldades e que está a trabalhar pelos que mais precisam. Tem a nossa ajuda e a da comunidade que se envolveu muito […] estão a fazer um trabalho extraordinário, numa zona extremamente carenciada de Caracas”, disse.

Segundo José Cesário, a visita de quatro dias à Venezuela tinha como primeiro objetivo transmitir às instituições da comunidade e à própria comunidade um sinal claro de solidariedade e empenho nas suas atividades, quer na vertente social, quer na cultural e na recreativa também.

“E, a esse nível tivemos oportunidade de assinar contratos no valor de mais de 280 mil euros, que apoiarão o movimento associativo aqui na Venezuela”, disse, precisando que a isso se junta o apoio médico que ultrapassa os 100.000 euros.

“Portanto, estamos a falar de um sinal claro de solidariedade da comunidade que é dado através desses apoios, desses subsídios que espero que venham a ser bem utilizados em prol daqueles que mais precisam e em prol da divulgação da cultura e da língua portuguesa”, frisou.

José Cesário explicou ainda que durante a visita teve a oportunidade de ver a evolução do país e identificar problemas, precisando que a situação evoluiu em relação à sua anterior deslocação ao país, enquanto deputado, em finais de 2019.

“A situação está um pouco melhor, mas também é verdade que encontramos muitas pessoas, ou melhor, continuamos a encontrar muitas pessoas numa situação de enorme fragilidade. Em Portugal, por vezes não há noção do que é viver com três euros por mês. Mas isto acontece na Venezuela”, disse.