Israel prosseguiu este domingo com bombardeamentos em várias zonas da Faixa de Gaza, incluindo Rafah, um dia depois de apelos dos mediadores internacionais para que finalizasse um acordo de cessar-fogo com o grupo extremista palestiniano Hamas.
Nas últimas 24 horas, 60 pessoas morreram na ofensiva israelita em Gaza, elevando para 36.439 o número de mortos no território palestiniano em quase oito meses de guerra, segundo as autoridades do enclave governado pelo Hamas.
Apesar dos protestos da comunidade internacional, o exército israelita prossegue a ofensiva em Rafah (sul), lançada em 7 de maio para destruir os últimos batalhões do Hamas.
Cerca de um milhão de palestinianos fugiram à medida que as forças israelitas avançaram, sob cobertura aérea, para o centro e oeste de Rafah, uma cidade na fronteira com o Egito, que se tornou o epicentro da guerra.
“Os 36 abrigos em Rafah pertencentes à agência da ONU para os refugiados palestinianos [UNRWA] estão agora vazios”, afirmou a organização.
Testemunhas disseram hoje à agência francesa AFP que veículos militares israelitas circulavam no oeste e no centro de Rafah e que foram ouvidas explosões fortes, combates e disparos contínuos de ‘drones’ e helicópteros Apache.
O Crescente Vermelho Palestiniano afirmou que estava a receber pedidos de ajuda de civis em Rafah, mas que era “muito difícil” chegar até eles “devido aos contínuos bombardeamentos israelitas”.
No norte do território, três palestinianos foram mortos, incluindo uma criança, num bombardeamento que destruiu a casa em que viviam no bairro de Al-Darraj, em Gaza, segundo uma fonte hospitalar.
No centro, as zonas de Deir al-Balah, Bureij e Nousseirat foram alvo de ataques.
O exército israelita anunciou operações seletivas em Rafah e no centro de Gaza.
Nas últimas 24 horas, foram atingidos “30 alvos terroristas, incluindo depósitos de armas e células armadas”, segundo o exército.
Israel prometeu destruir o Hamas após o ataque de 7 de outubro a partir de Gaza, que causou a morte de cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas. Das 252 pessoas raptadas durante o ataque, 121 continuam detidas em Gaza, 37 das quais mortas, de acordo com Israel.
Na qualidade de mediadores, Qatar, Estados Unidos e Egito apelaram conjuntamente no sábado para que “o Hamas e Israel finalizem o acordo de cessar-fogo com base nos princípios enunciados pelo Presidente Joe Biden”.
Segundo a declaração conjunta, a proposta engloba as exigências de todas as partes.
Biden anunciou na sexta-feira um roteiro proposto por Israel para alcançar um cessar-fogo permanente por fases e sujeito a condições, e apelou ao Hamas para que o aceitasse.
Biden anuncia proposta israelita em três fases para terminar conflito
A primeira fase, explicou Biden, envolve um cessar-fogo de seis semanas acompanhado de uma retirada israelita das áreas densamente povoadas de Gaza, a libertação de certos reféns, mulheres e doentes, e a libertação de prisioneiros palestinianos.
As linhas gerais da segunda fase do plano serão negociadas durante o cessar-fogo, de acordo com o Presidente dos Estados Unidos.
No caso de negociações conclusivas, os combates cessam definitivamente, todos os reféns, incluindo soldados, regressam a casa e o exército israelita retira-se completamente da Faixa de Gaza.
Mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sob pressão da extrema-direita, reafirmou que as condições para um cessar-fogo permanente incluem a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns.
O Hamas limitou-se a dizer que considerava o roteiro positivo, depois de ter reiterado as exigências de um cessar-fogo permanente e de uma retirada total de Israel de Gaza antes de se poder chegar a qualquer acordo.
O Hamas assumiu o poder em Gaza em 2007, dois anos depois de Israel se ter retirado do território palestiniano que ocupou durante 38 anos.
O grupo palestiniano é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.