Dos três jogos de preparação para o Campeonato da Europa, contra Finlândia, Croácia e Irlanda, Portugal sabia que um era mais importante do que os outros. Este sábado, no Estádio Nacional do Jamor, a Seleção recebia uma Croácia que ficou em terceiro lugar no último Mundial, que foi vice-campeã mundial em 2018 e que também vai estar no Euro 2024. Ou seja, Portugal tinha o último grande teste antes de correr atrás do sonho.

A equipa de Roberto Martínez defrontava a Croácia dias depois de vencer a Finlândia em Alvalade, num jogo onde foi claramente superior mas ainda tremeu na segunda parte com dois golos sofridos em cinco minutos, e procurava carimbar um triunfo que seria obviamente motivador. Pelo meio, regressava ao Jamor mais de dez anos depois, já que a última vez que a Seleção tinha atuado no Estádio Nacional datava já de maio de 2014, ainda com Paulo Bento como selecionador e na preparação para o Mundial do Brasil.

Ficha de jogo

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Portugal-Croácia, 1-2

Jogo de preparação para o Euro 2024

Estádio Nacional do Jamor, em Oeiras

Árbitro: Harm Osmers (Alemanha)

Portugal: Diogo Costa, Diogo Dalot (Nélson Semedo, 45′), Rúben Dias, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes (João Cancelo, 45′), João Palhinha, Vitinha (Matheus Nunes, 85′), Bruno Fernandes (Pedro Neto, 70′), João Félix (Rafael Leão, 45′), Gonçalo Ramos (Diogo Jota, 45′), Bernardo Silva

Suplentes não utilizados: Rui Patrício, José Sá, Pepe, Cristiano Ronaldo, Danilo, João Neves, Rúben Neves, António Silva, Francisco Conceição

Treinador: Roberto Martínez

Croácia: Dominik Livaković, Josip Stanišić, Josip Šutalo, Marin Pongračić, Joško Gvardiol, Marcelo Brozović (Luka Ivanušec, 75′), Luka Modric (Ivan Perišić, 54′), Mateo Kovačić (Nikola Vlašić, 75′), Lovro Majer (Mario Pašalić, 54′), Ante Budimir (Bruno Petković, 67′), Andrej Kramarić (Luka Sučić, 54′)

Suplentes não utilizados: Nediljko Labrović, Ivica Ivušić, Martin Erlić, Borna Sosa, Marko Pjaca, Domagoj Vida, Josip Juranović, Marco Pašalić, Martin Baturina

Treinador: Zlatko Dalić

Golos: Luka Modric (gp, 8′), Diogo Jota (48′), Ante Budimir (56′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ante Budimir (39′), a Marcelo Brozović (58′), a João Cancelo (77′), a Joško Gvardiol (90+1′)

“Todos os adversários são complicados. A Croácia é um adversário diferente porque gosta de ter bola, tem um estilo claro, com jogador como Modric, Kovacic e Brozovic, que dão esse estilo próprio. Quando não estão no relvado, os outros jogam de forma parecida. A estabilidade do treinador, que está a fazer um trabalho fantástico, faz com que a Croácia seja um adversário competitivo e diferente do que tivemos até ao momento. O adversário é para mostrar o nosso nível, precisamos de trabalhar as nossas ligações, é importante defendermos bem sem bola”, explicou o selecionador nacional na antevisão da partida.

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Assim, e sublinhando precisamente a ideia de este ser o teste mais exigente da preparação para o Euro 2024, Roberto Martínez mudava praticamente meia equipa face ao jogo contra a Finlândia e só mantinha Rúben Dias, Nuno Mendes, Vitinha e João Palhinha. Os médios do Fulham e do PSG tinham a companhia de Bruno Fernandes no meio-campo, enquanto que João Félix e Bernardo apareciam no apoio a Gonçalo Ramos, e Cristiano Ronaldo, Pepe e Rúben Neves ainda ficavam de fora. Do outro lado, Zlatko Dalić tinha Kovacic, Brozovic e Modric no onze inicial.

Portugal começou o jogo a procurar ter posse de bola, instalando-se no meio-campo da Croácia e explorando essencialmente a profundidade que Diogo Dalot poderia oferecer no corredor direito. Ainda assim, dentro dos 10 minutos iniciais, a lógica do jogo acabou por alterar-se: Vitinha fez falta sobre Kovacic na área de Diogo Costa e Modric, na conversão da grande penalidade, abriu o marcador (8′).

Os croatas poderiam ter aumentado a vantagem logo nos minutos seguintes, com o mesmo Modric a rematar ao lado (11′) e Majer a obrigar Diogo Costa a uma boa defesa (13′), e Portugal não tinha a capacidade de reagir ao golo sofrido. A Seleção estava lenta, com muitos jogadores a atuar a passo e sem controlo das ocorrências no meio-campo, e o trio ofensivo não recuava para ajudar nas transições e tarefas defensivas — ou seja, as coberturas não surgiam da melhor maneira e Gvardiol, essencialmente, aparecia muito solto do lado esquerdo.

Foi precisamente Gvardiol que poderia ter marcado ainda antes da meia-hora, com um remate cruzado já na área que passou ao lado da baliza (21′), e a Croácia tinha o jogo completamente controlado. O central do Manchester City ainda teve um pontapé à malha lateral (35′) e um cabeceamento que passou por cima (35′), assim como Kramaric e Budimir também desperdiçaram uma oportunidade clamorosa (42′), e o melhor que Portugal conseguiu fazer na primeira parte foi um remate de Bruno Fernandes que falhou o alvo já nos descontos (45+2′).

Ao intervalo, Portugal estava a realizar uma das piores exibições da era Roberto Martínez e não tinha causado nenhum susto à Croácia, que só estava a vencer apenas pela margem mínima por ineficácia própria. A Seleção precisava de acelerar, de controlar o meio-campo e de reagir de melhor forma à perda da bola, para além de que a passividade defensiva com que abordava os lances era manifestamente alarmante.

Roberto Martínez mexeu logo ao intervalo e trocou quatro elementos, lançando Nélson Semedo e João Cancelo nos corredores e apostando em Rafael Leão e Diogo Jota no ataque, e Portugal não demorou cinco minutos a empatar. Bernardo soltou Semedo na direita, o lateral conduziu praticamente até à linha de fundo e cruzou rasteiro para a área, onde Jota apareceu a desviar para marcar (48′).

A Seleção apresentava-se num plano muito superior, com Rafael Leão a oferecer uma largura que nunca tinha aparecido durante a primeira parte, e Zlatko Dalić procurou conter o ímpeto adversário com uma tripla substituição ainda antes da hora de jogo. Palhinha recuava mais do que tinha acontecido até ao intervalo, aparecendo muitas vezes entre os centrais, e Portugal não só parecia ter mais espaço para jogar como beneficiava de um Vitinha bem mais solto para criar.

O destino do jogo, porém, não estava com a Seleção. Num momento em que Portugal estava completamente por cima, Pasalic rematou de fora de área e acertou na trave, já depois de um desvio de Diogo Costa, e Budimir aproveitou a passividade portuguesa para cabecear e marcar na recarga (56′). A equipa de Roberto Martínez reagiu de forma diferente, ainda que nunca com enorme intensidade, e Bruno Fernandes ficou muito perto de empatar novamente com um remate forte que passou ao lado (65′), para além das oportunidades consecutivas de Bernardo Vitinha e Rúben Dias (68′).

Roberto Martínez ainda lançou Pedro Neto à entrada para os últimos 20 minutos, com o avançado do Wolverhampton a ter ainda um remate à figura do guarda-redes (74′), mas já nada mudou até ao fim. Portugal perdeu com a Croácia no Jamor e sofreu a segunda derrota da era Roberto Martínez, para além da primeira derrota de sempre contra os croatas, e escorregou na preparação para o Euro 2024. Se era preciso um aviso para colocar os pés na terra, o simulacro está feito e os alarmes estão todos a tocar na Seleção Nacional — até porque a jogar assim, no Campeonato da Europa, os objetivos ficam bem mais difíceis de alcançar.