O Fundo Soberano da Noruega, que tem quase 1% da norte-americana Tesla, anunciou a intenção de votar contra o pagamento do controverso bónus que tinha sido prometido pela administração a Elon Musk em 2018. É um bónus de 56 mil milhões de dólares, equivalente a quase 52 mil milhões de euros, cujo pagamento foi travado por um tribunal de Delaware, estado onde a Tesla (ainda) tem sede.
O anúncio foi feito neste sábado pelo “gigante” fundo soberano norueguês, o veículo público que investe proveitos obtidos com a venda de petróleo e outros bens energéticos, para benefício das próximas gerações. O fundo gere mais de 1,7 biliões de dólares em ativos e é o oitavo maior acionista individual da Tesla, com uma participação de 0,98%. “Embora reconheça o valor significativo que foi gerado sob a liderança do sr. Musk desde 2018”, o fundo soberano diz-se “preocupado com a dimensão do prémio“.
O caso remonta a 2018, quando Elon Musk, o CEO da Tesla, quis implementar um plano de crescimento na altura considerado muito ousado pela administração. Para demonstrar a sua confiança na estratégia que estava a delinear, Musk aceitou nessa altura um acordo em que trabalharia gratuitamente e apenas receberia milhões de dólares em ações caso atingisse um conjunto de objetivos, que poucos acreditavam ser possível.
Depois de seis anos sem receber um único dólar pelo seu trabalho, os objetivos de valorização em bolsa da empresa foram atingidos, pelo que a Tesla teria de pagar a Musk os tais 55,8 mil milhões de dólares. Porém, um pequeno acionista recorreu ao tribunal, contestando o acordo, e uma juíza deu-lhe razão, impedindo o pagamento. Musk chegou a admitir mudar a sede da empresa para o Texas, por causa desta decisão e pelo facto de ter nesse estado uma das maiores fábricas de automóveis.
Logo em 2018 o Fundo Soberano da Noruega opôs-se ao acordo feito com Musk, mas ele acabou por ser feito na mesma. Agora, o oitavo maior acionista diz que vai votar contra o pagamento numa assembleia-geral que vai ocorrer na próxima semana. “Continuamos preocupados com a dimensão total do prémio, a estrutura de incentivos que foi desenhada, a diluição acionista que irá ocorrer e a falta de uma mitigação dos riscos de pessoa relevante” para a empresa, explicou o Fundo Soberano da Noruega, indicando as razões pelas quais foi tomada a decisão de votar contra.
Administração da Tesla pede autorização para pagar 55,8 mil milhões a Elon Musk
A decisão do Fundo Soberano da Noruega vem na linha de outras decisões recentes em casos semelhantes. O fundo votou contra mais da metade dos pacotes de remuneração de líderes empresariais nos EUA nos casos em que esses bónus excediam os 20 milhões de dólares. A justificação dada pelo Fundo Soberano da Noruega é que esses bónus não estavam alinhados com a criação de valor de longo prazo para os acionistas.