O secretário de Estado do Ambiente disse, esta quarta-feira, que a demolição de 180 construções em Esposende, prevista no Programa da Orla Costeira, será feitas em entendimento com a população, assegurando não entrar “pela casa de ninguém e demolir”.

“Querem que eu diga que vou demolir tudo. Não vamos fazer isso. Vamos fazer isso com ponderação, com envolvimento das populações. Temos de fazer com que as pessoas percebam o que se está a passar e compreendam as necessidades. Não vamos entrar pela casa de ninguém e demolir. Vamos fazê-lo sempre em entendimento com as pessoas“, afirmou Emídio Sousa, em declarações aos jornalistas.

O secretário de Estado do Ambiente e da Energia, Emídio Sousa, acompanhou os trabalhos de demolição de um bar de praia, na Apúlia, no concelho de Esposende (distrito de Braga) e visitou alguns dos locais em risco devido à erosão costeira.

Em vigor desde agosto de 2021, o POC-CE identifica 46 áreas críticas, determinando o recuo planeado de dezenas de núcleos habitacionais e a proteção da Praia Internacional no Porto, junto ao Edifício Transparente, cuja demolição, tal como mais três dezenas de edifícios, estava inicialmente prevista.

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Na Área Crítica de Cedovém/Pedrinhas (Esposende) está prevista a demolição de 89 habitações, mais de meia centena de anexos e sete restaurantes, plano que tem sido contestado pelos moradores que dizem não serem claros os objetivos da demolição de habitações em Cedovém, defendendo que construções como as Torres de Ofir, onde a retirada não se coloca, essas sim são “ataques ambientais significativos”.

O governante, que se reúne durante a tarde com o autarca de Esposende para se inteirar do ponto de situação naquele concelho, adiantou existirem situações onde se vai tentar manter a duna, reiterando o seu compromisso de trabalhar com as pessoas.

“Vamos ouvir as partes, vamos ver quais são as situações de conflito e dificuldade para nos próximos meses tentar encontrar uma solução consensual”, afirmou.

Segundo Emídio Sousa, perante as atuais dinâmicas da costa, a estratégia do Governo será a de defesa e não a de recuo, ainda que, em “uma ou outra situação”, tal possa ser necessário.

Considerando crítica a questão do financiamento quando em causa estão intervenções de dezenas de milhões de euros, o governante reiterou que qualquer intervenção tem de ser ponderada, lembrando que “quase todas as intervenções que foram feitas na costa nos últimos anos tiveram as suas vantagens, mas também tiveram as suas desvantagens”.

Aos jornalistas, o presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, lembrou que, no caso de Cedovém, há já um projeto com parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que prevê a demolição integral das habitações.

“Só serão demolidos depois de termos onde realojar as pessoas, ninguém vai para a rua”, assegurou, lembrando que esse realojamento vai ser garantido através da estratégia local de habitação.

O autarca tem vindo a alertar para os graves problemas de erosão de toda a costa do concelho de Esposende, com especial incidência nas praias da Barra, Bonanças, Pedrinhas e Cedovém.

Para Benjamim Pereira, a gravidade da situação exige medidas concretas e urgentes para travar o avanço do mar que está na origem do desaparecimento de grandes áreas de dunas, colocando várias casas em risco.

“Nós temos diferenças de cota de cerca de 10 metros e casas em risco, portanto é urgente tomar decisões”, defendeu.