O antigo líder do PSD Rui Rio recorreu às redes sociais para fazer um comentário sobre o estado da justiça em Portugal, recorrendo à vida no período antes do 25 de Abril. O teor da mensagem, sobre a prática da PIDE de “invadir a vida privada dos cidadãos para fins políticos” está a ser interpretado como uma referência à atuação do Ministério Público no âmbito da Operação Influencer, que implicou a escuta de conversas telefónicas do então primeiro-ministro, António Costa. O MP abriu uma investigação a fugas de informação no processo.
“Quando dei os primeiros passos na política, ainda antes do 25 de Abril, era normal a PIDE invadir a vida privada dos cidadãos para fins políticos, fins sem qualquer relevo criminal real… e foi também para combater isso que “este jovem” começou a frequentar movimentos estudantis”, lê-se na publicação de Rui Rio, que tem sido uma das vozes mais críticas do Ministério Público no caso, ao início da tarde desta quarta-feira. O ex-presidente social-democrata é ainda um dos subscritores do Manifesto por Uma Reforma da Justiça em Defesa do Estado de Direito Democrático.
Quando dei os primeiros passos na política, ainda antes do 25 de Abril, era normal a PIDE invadir a vida privada dos cidadãos para fins políticos, fins sem qualquer relevo criminal real … e foi também para combater isso que “este jovem” começou a frequentar movimentos estudantis
— Rui Rio (@RuiRioPT) June 19, 2024
Para os subscritores deste manifesto, a divulgação das escutas “é mais um momento, entre outros, de violação das regras básicas do Estado de Direito Democrático, com envolvimento e participação de responsáveis dos setores da justiça e da comunicação social, que deviam estar na primeira linha da sua defesa”, criticando não apenas a divulgação, mas a sua transcrição e o facto de ter sido considerado que têm “relevância criminal para um processo-crime em curso”.
O comentário de Rui Rio surge horas depois de se saber que o Ministério Público abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba. Entre as escutas divulgadas pela CNN Portugal está uma em que António Costa liga a Galamba para ordenar a demissão da presidente executiva da TAP, por motivos políticos, depois da polémica indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis.
Em reação às escutas divulgadas, os subscritores do manifesto que pede uma reforma da Justiça e critica a atuação do Ministério Público, nomeadamente na Operação Influencer, que levou à queda do Governo de António Costa, pediram na terça-feira em comunicado “explicações do Ministério Público e da sua hierarquia, designadamente da procuradora-geral da República”, Lucília Gago.
Para os subscritores deste manifesto, a divulgação das escutas “é mais um momento, entre outros, de violação das regras básicas do Estado de Direito Democrático, com envolvimento e participação de responsáveis dos setores da justiça e da comunicação social, que deviam estar na primeira linha da sua defesa”, criticando não apenas a divulgação, mas a sua transcrição e o facto de ter sido considerado que têm “relevância criminal para um processo-crime em curso”.