O secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, rejeitou esta sexta-feira qualquer “fechamento” da central sindical ou “domínio sectário” por parte do PCP, garantindo que “melhor funcionamento democrático” interno “é impossível”.

O funcionamento democrático da central é este que está à vista de toda a gente: 147 pessoas que estão no Conselho Nacional e que definem as orientações; dezenas de sindicatos que estão filiados na CGTP, que todos os dias estão presentes com os trabalhadores, lado a lado, no local de trabalho. Melhor funcionamento democrático do que este é impossível“, afirmou o líder da central sindical em declarações à agência Lusa.

Tiago Oliveira reagia assim a um manifesto divulgado esta sexta-feira por mais de três dezenas de ex-dirigentes da CGTP-IN, afetos ao PS, ao Bloco de Esquerda e alguns ao PCP, alertando para a “ausência de respostas” da central sindical aos novos problemas e desafios dos trabalhadores e acusando-a de “deriva sectária” e de “falta de transparência”.

Ex-dirigentes da CGTP denunciam “deriva sectária” e “falta de transparência” na central sindical

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Quando precisamos de redes, cooperação e solidariedade europeia, vemos uma prática isolacionista que em nada beneficia uma resposta eficiente do todo sindical, que, para além das diferenças, que existem, precisa de unidade na ação. Quando se impõe ousadia e compromisso, renovação e inovação sindical, temos uma deriva sectária, falta de transparência, duvidosa representatividade, burocracia sindical ao serviço de estratégias alheias e negacionismo da sua própria crise“, lê-se num comunicado divulgado esta sexta-feira.

Contrapondo que “quem faz esse tipo de observação […] terá que responder por ela e explicar o porquê”, o líder da CGTP recorda que, no último congresso da central, em fevereiro, “foram dados números concretos” que atestam a força da organização: “Em quatro anos, sindicalizámos 110.000 novos trabalhadores. Temos, neste momento, mais de meio milhão de trabalhadores associados da CGTP, o que quer dizer que somos a maior organização social do país”, salientou.

Referindo-se à “semana de luta” organizada desde quinta-feira até dia 27, com “centenas de iniciativas a decorrer de norte a sul do país”, Tiago Oliveira afirma que “é um reflexo daquilo que é a intervenção diária e concreta da CGTP”, apenas possível porque se trata de “uma central que está diariamente nos locais de trabalho” e é “conhecedora profunda dos problemas dos trabalhadores”.

Sustentando que “este caminho que caracteriza a CGTP, de permanência constante nos locais de trabalho, refuta” todas as acusações feitas ao funcionamento da central, Tiago Oliveira garante que “os trabalhadores têm profundo conhecimento disso”.

No manifesto divulgado esta sexta-feira, os 34 signatários  — ex-membros da Comissão Executiva e do Conselho Nacional da CGTP  — consideram que a CGTP que saiu do último congresso “adotou um ainda maior fechamento”, ao deixar de ter nos seus órgãos executivos “quem, pela sua representatividade e presença ativa nos locais de trabalho, tem de ser tido em conta e assumir um papel mais relevante na condução da luta que é de todos”.

“Quando, por falta de funcionamento democrático, o Conselho Nacional confederal reuniu dois anos e meio sem a participação de todos os sindicalistas socialistas; quando a simples distribuição das propostas alternativas, vindas da corrente socialista ou da corrente bloquista, foi sistematicamente recusada; e quando se esperaria que o congresso último resolvesse o diferendo e engrandecesse o projeto unitário, este assumiu a rutura e os sindicalistas socialistas ficaram imediatamente fora da Comissão Executiva, para onde, mais uma vez, os sindicalistas bloquistas foram barrados”, sustentam.

Para os signatários do comunicado divulgado esta sexta-feira, “a composição político-partidária da direção da CGTP não tem hoje autonomia nem correspondência alguma com a realidade sociopolítica em terreno laboral”, sofrendo a central sindical “o domínio e controlo de uma força partidária”.