Não era decisivo, também não andava longe disso. À semelhança do que tinha acontecido nas meias-finais e que é comum no hóquei em patins desde que o Campeonato começou a ser decidido em playoff (2021 foi a exceção nesse particular, com o Sporting a ganhar duas vezes fora), a condição de visitado continuava a ditar leis também na decisão: no jogo 1, apesar de ter andado atrás no resultado e de ter passado pelo tempo extra, o FC Porto ganhou no Dragão Arena; no jogo 2, com uma resposta à altura, o Benfica teve um triunfo claro na Luz. Agora, quem ganhasse ficava com o primeiro match point pelo título mas o encontro era na Invicta.

“Sabíamos desde início que era muito importante ficarmos em primeiro na fase regular para termos o fator casa a favor. Como estamos a ver, é muito importante. Sendo o jogo em nossa casa, temos ainda mais vontade de passar novamente para a frente da eliminatória. Sabemos que temos de deixar tudo na pista em todos os jogos. Temos de recuperar física e emocionalmente. Nós já sabemos o que eles fazem, eles já sabem o que nós fazemos, por isso o que faz a diferença é a vontade e quem quer mais este título. Eles sabem que, se perderem aqui, ficamos nós com o match point, mas o inverso também pode acontecer. Só temos que pensar em fazer o 2-1 e não ter medo de nada nem de ninguém”, destacara o portista Carlo Di Benedetto.

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“Não há forma de negar que o fator casa dá uma força extra às equipas mas temos de combater isso com mais rigor, tentando tirar-lhes o registo em que são fortes. Sabemos que eles em casa valem mais, da mesma forma que nós também, embora ache que fizemos um jogo extremamente interessante no Dragão. E um jogo a replicar, sendo mais competentes na forma como reagimos à perda e controlamos as transições. Foi na transição ofensiva que ganharam o jogo no Dragão, embora tivéssemos feito um trabalho excelente na contenção, na forma como perdemos a bola e na forma como chegámos à baliza. Mas temos de ainda ser mais fortes e depois mais eficazes”, apontara Nuno Resende aos meios do clube no lançamento do encontro.

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Para se ter noção do peso do “fator casa” neste caso para os azuis e brancos, na última década houve 18 jogos no Dragão Arena entre as duas equipas e o Benfica conseguiu apenas dois triunfos, nas meias-finais de 2021. Mais: nos últimos dez encontros que se seguiram a esses desaires, o FC Porto ganhou sempre, na fase regular ou no playoff. Agora, não voltou a ser exceção. Com uma grande exibição de Xavi Malián na baliza dos azuis e brancos e Hélder Nunes a mostrar nos momentos chave o porquê de ter regressado a “casa” após passagem pelo Barcelona, os azuis e brancos ficaram apenas a um triunfo de voltarem a ser campeões depois do título dos encarnados na última temporada, numa decisão que pode surgir esta quarta-feira na Luz (18h).

Ao contrário do que tinha acontecido no jogo 1, o FC Porto conseguiu ter uma entrada bem mais afirmativa no jogo frente a um Benfica com dois remates perigoso mas sem a mesma capacidade e fluência no ataque que se viu por exemplo no encontro da Luz. Gonçalo Alves ainda desperdiçou uma grande penalidade logo a abrir, com Pedro Henriques a travar o castigo máximo e depois a recarga (3′), mas Carlo Di Benedetto deu mesmo vantagem aos dragões, desviando ao segundo poste um grande passe de Rafa (6′). Nuno Resende fez a primeira paragem técnica logo de seguida para tentar estabilizar a equipa mas a primeira chance flagrante para o empate acabou por ser também falhada, com Carlos Nicolía a “inventar” uma jogada que deu penálti mas a permitir depois a defesa a Xavi Malián depois da grande eficácia que tivera no jogo 2 (7′).

O clássico entrou de seguida numa fase menos bonita mas que ao mesmo tempo mostrava bem aquilo que ia estar em jogo esta tarde no Dragão Arena: muitas picardias, ainda mais protestos que começaram nos da casa com uma grande penalidade assinalada por falta de Telmo Pinto sobre Pablo Álvarez (que Zé Miranda iria também desperdiçar, com nova defesa de Xavi Malián) e foram depois para os visitantes num lance entre Ezequiel Mena e Roberto Di Benedetto e num pedido de cartão azul após falta sobre Gonçalo Pinto, menos qualidade no hóquei. Se os minutos iniciais prometiam um grande jogo, o que se seguiu até ao intervalo não confirmou as expetativas, com as equipas a fugirem ao erro e demasiado “viradas” para a arbitragem.

A segunda parte começou com maiores motivos de interesse, com um remate ao poste de Gonçalo Alves, uma defesa fantástica de Xavi Malián a uma tentativa de Nil Roca na área completamente sozinho e um livre direto falhado por Carlo Di Benedetto depois de um erro de Zé Miranda na saída (31′). Faltava o golo para voltar a mexer mais com o clássico e o mesmo chegou em nova bola parada, neste caso com Hélder Nunes a não perdoar num livre direto pela décima falta (33′). O Benfica tinha de fazer de algo para mudar o rumo que o jogo estava a ganhar, sendo que num minuto tudo acabou por ficar resolvido: Nicolía falhou o livre direto por décima falta, com nova grande defesa de Xavi Malián, e Rafa fez uma picadinha fantástica para o 3-0 (37′). Logo a seguir Nicolía reduziu a desvantagem (38′) mas um livre direto de Hélder Nunes após cartão azul a Gonçalo Pinto aumentou para 4-1 e fechou em definitivo as contas do resultado do jogo 3 (39′).