O Tribunal de Tondela absolveu esta sexta-feira uma funcionária do infantário da Santa Casa da Misericórdia que estava acusada de dois crimes de maus-tratos a crianças.

A funcionária foi acusada de ter colocado spray ambientador nos genitais quando mudava as fraldas, mas, segundo o juiz, não houve “uma única perícia” a indicar que tenha sido usado esse produto nas crianças, nem que lhes tivessem sido provocadas lesões.

No seu entender, se a acusação fosse verdadeira e efetivamente a mulher não suportasse o odor das fezes quando mudava as fraldas, teria tido essa atuação “em todas as crianças ou na grande maioria delas” e não apenas em duas.

O juiz lembrou que, entre as colegas da arguida que foram testemunhar em tribunal, houve uma que disse que presenciou a atuação dela durante as trocas de fralda, mas que “tem limitações cognitivas notórias”, e outra que “ouviu dizer”, mas não viu.

Foi esta última que apresentou uma denúncia, apenas seis meses depois, e, segundo o juiz “não houve prova sobre a ação, nem nexo de causalidade”.

O juiz estranhou que a “primeira preocupação desta senhora”, que é conhecida por ter “atritos com várias pessoas”, tenha sido ir falar do assunto para um canal de televisão e, assim, ter os seus “cinco minutos de fama”.

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Neste âmbito, considerou que “o objetivo era atingir uma pessoa e não proteger as crianças”, lembrando que a versão contada pela arguida foi suportada por todas as outras funcionárias exceto essas duas.

“É legítimo fazer um assassinato de caráter a alguém sem possibilidade de resposta?”, questionou o juiz, frisando que, “depois de propalada uma mentira, não se pode retirá-la para trás”.

À saída do tribunal, a advogada da funcionária da Misericórdia considerou que esta sexta-feira se fez justiça, “se demonstrou que esta situação foi criada por outra funcionária” e não há dúvidas de que os factos descritos na acusação nunca foram praticados.

Apesar da absolvição, lamentou que a sua cliente tenha sido sujeita a um “julgamento em praça pública” e “vexada nos meios de comunicação social”.

“Só porque é deduzida uma acusação não significa que o que lá está vertido seja verdade. Portanto, vamos avaliar para pedir responsabilidades a quem denunciou falsamente esta situação”, afirmou.