Um ex-membro do Exército de Libertação do Kosovo (UÇK) foi esta terça-feira condenado a 18 anos de prisão por crimes de guerra cometidos no decurso da rebelião independentista kosovar contra as forças sérvias no final da década de 1990.
O Tribunal Especial para o Kosovo (TEK), com sede em Haia, Países Baixos, condenou Pjeter Shala sob a acusação de detenções arbitrárias, atos de tortura e assassinato cometidos contra pelo menos 18 civis na Fábrica de Metais de Kukes, na Albânia.
As 18 vítimas, na maioria albaneses kosovares, foram presas, interrogadas e torturadas por alegadamente colaborarem com a Sérvia ou pela sua oposição às atividades do UÇK. Pelo menos um dos detidos foi assassinado.
Shala, 60 anos, também conhecido por “Comandante Lobo”, foi detido na Bélgica em março de 2021. Sentenciado a uma pena única, foi absolvido do crime de “tratamento cruel”.
O TEK, financiado pela União Europeia (UE), é uma instância de direito kosovar composta por juízes internacionais e que investiga os crimes de guerra cometidos pelo UÇK no decurso do conflito.
Os confrontos, entre 1998 e 1999, provocaram cerca de 13.000 mortos e terminaram quando as forças sérvias se retiraram da antiga província com maioria de população albanesa após uma campanha de bombardeamentos da NATO que se prolongou por 11 semanas.
A instância judicial já emitiu acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade contra diversos altos responsáveis do UÇK, incluindo o antigo Presidente do Kosovo Hashim Thaçi (2016-2020), que se demitiu após ser indiciado.
Em dezembro de 2022, o tribunal emitiu o seu primeiro veredicto por crimes de guerra ao condenar a 26 anos de prisão um ex-comandante do movimento armado separatista, Salih Mustafa, que dirigia um centro de torturas.