A concelhia do PSD/Porto exigiu esta terça-feira a demissão do presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, por considerar ser “evidente a sua profunda incompetência e incapacidade de gestão”.

“Para o PSD/Porto é inaceitável a forma como a Metro do Porto se relaciona com a cidade e exigimos que a administração da Metro do Porto preste declarações cabais e urgentes sobre mais esta situação e se demita, pois está evidente a sua mais profunda incompetência e incapacidade de gestão”, afirma, em comunicado, a concelhia liderada por Alberto Machado, vereador na Câmara do Porto sem pelouro.

Em causa está o memorando de entendimento que permitirá à Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) operar o metrobus, cuja assinatura está pendente desde maio de 2023.

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Se, por um lado, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, garantiu que o memorando será assinado a tempo do início da exploração, no início do ano escolar, a presidente da STCP, Cristina Pimentel, considerou impossível arrancar com a operação em setembro.

Considerando que, “depois de largos meses de desorientação, a Metro do Porto não deixa de surpreender, pela negativa, todos os portuenses”, o PSD/Porto defende que as recentes notícias sobre os constrangimentos do metrobus “não trazem qualquer confiança ao início da operação e apenas deixam os portuenses mais perplexos e apreensivos”.

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Contactada pela Lusa, a Metro do Porto não quis comentar.

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O PSD/Porto critica ainda o contrato assinado entre a Metro do Porto e o consórcio que integra a CaetanoBUS e a DST Solar para o fornecimento dos veículos do serviço, que serão autocarros a hidrogénio semelhantes aos do metro convencional e construídos por 29,5 milhões de euros.

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“Apenas por incompetência se planeia uma obra, a sua concretização e conclusão e se admite, que a mesma esteja sem utilização durante mais de um ano (fevereiro de 2024 e abril 2025), à espera dos veículos que tardiamente foram encomendados”, acusa o PSD, criticando também a falta de diálogo da Metro com o município e com a administração da STCP.

“Como vai a metro do Porto colocar em funcionamento o metrobus a tempo do início do ano letivo, conforme compromisso assumido?”, questiona.

Para o PSD/Porto são, por isso, “necessários todos os esclarecimentos” e “não podem ficar dúvidas sobre os atrasos na obra”, que, pondera, podem ter “sido premeditados para tentar fazer coincidir, o mais possível, o final das obras com a chegada dos veículos”.

Em meados de junho, a Metro do Porto avançava, numa resposta enviada ao grupo de trabalho da Assembleia Municipal do Porto que acompanha os investimentos no transporte público, que o prazo para a conclusão da obra do metrobus tinha como data limite 23 de agosto e que o primeiro veículo a hidrogénio deveria chegar entre o final de setembro e início de outubro.

Já no início deste mês, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou durante uma reunião do executivo “não entender o PSD” depois de interpelado pela vereadora social-democrata Mariana Macedo a clarificar de quem era a responsabilidade da ocupação do espaço público pelas obras da Metro do Porto.

“Pelos vistos este Governo está bastante contente com o funcionamento da administração da Metro do Porto, porque na assembleia que decorreu acabou de apresentar um louvor à administração da Metro do Porto. Se apresentou um louvor é porque está contente com a forma como as coisas estão a decorrer”, afirmou.

A obra do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.

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O novo serviço ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) e estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e no segundo Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).