As agências à frente da investigação do atentado contra o ex-Presidente Donald Trump informaram esta quarta-feira os congressistas norte-americanos sobre alguns desenvolvimentos do caso. Numa vídeochamada conduzida pelo diretor do FBI e do Serviço Secreto, foi revelado que passaram 20 minutos desde o momento em que os snipers do Serviço Secreto avistaram Thomas Crooks no telhado em que se posicionou para o atentado e os primeiros disparos contra Trump.

Telhado onde estava atacante de Trump “demasiado inclinado” para o Serviço Secreto, que esteve no interior do edifício

Os snipers terão avistado Crooks no telhado às 17h10 locais (22h10, em Portugal) e os disparos começaram pelas 18h12 (23h12), revelaram à ABC News fontes que estiveram presentes na reunião. O mesmo canal refere que passaram 62 minutos entre o momento em que o jovem de 20 anos foi declarado uma pessoa potencialmente suspeita e o momento em que foram feitos os disparos. Do primeiro disparo de Crooks até ser morto por um sniper do Serviço Secreto passaram 26 segundos.

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A linha temporal é, segundo o canal norte-americano, a seguinte:

  • 5h10 (22h10, em Portugal) — Crooks é identificado como uma pessoa potencialmente suspeita;
  • 5h30 (22h30) — Crooks é avistado com um telémetro (instrumento para medir distâncias);
  • 5h52 (22h52) — Crooks é avistado pelo Serviço Secreto no telhado de onde viria a disparar;
  • 6h02 (23h02) — Donald Trump sobe ao palco;
  • 6h12 (23h12) — Crooks começa a disparar.

Esses não foram os únicos detalhes a emergir da reunião. Os congressistas também foram informados de que o atirador adquiriu um pacote de munições do Walmart no dia 5 de julho — dois dias depois do comício ser anunciado. O jovem visitou o local pela primeira depois de ser escolhido para o comício. Regressou na manhã do dia 13 de julho e esteve lá durante cerca de uma hora, voltou novamente por volta das 5h00 (22hoo, em Portugal) e meia hora depois tentou entrar no perímetro, descreve a ABC News.

Fontes com conhecimento da investigação ouvidas pelo New York Times disseram que, apesar de o jovem ter sido considerado suspeito, não aparentava estar armado, nem ser uma ameaça imediata. Os agentes da polícia local, diz o mesmo jornal, seguiram o seu percurso e identificaram-no várias vezes, mas acabaram por perder-lhe o rasto. A certo ponto foi avistado com uma mochila, mas voltou a desaparecer de vista.

Telemóvel do atirador tinha detalhes sobre Trump e Biden

Elementos do FBI também revelaram aos congressistas os detalhes sobre o que descobriram na análise aos dois telemóveis do atirador. O dispositivo foi usado para pesquisar imagens de Trump, mas também do Presidente Joe Biden, do diretor do FBI Christopher A. Wray, do procurador-geral Merrick B. Garland e um membro da família real britânica, disseram ao New York Times dois oficiais com conhecimento da investigação.

O atirador também procurou informações sobre as datas dos compromissos públicos de Trump e da Convenção Nacional Democrata. De notar que até agora os investigadores não encontraram indicações de que Crooks tinha opiniões políticas ou ideológicas fortes, nem conexões com atores estrangeiros.

Gostava de xadrez, estudava programação e era eleitor republicano. Quem é Thomas Crooks, o jovem de 20 anos que disparou contra Trump?

Os congressistas também foram informados de que o atirador parecia preocupado com o seu estado mental. O histórico do telemóvel mostrava que tinha pesquisado informações sobre depressão.

Polícia local “enfrentou” o atirador

Esta quarta-feira também ficou marcada pela divulgação de novos dados sobre a atuação dos agentes da polícia local que foram mobilizados para o comício em Butler (Pensilvânia). Em entrevista, o procurador distrital de Butler disse que no momento em que Crooks disparava contra o ex-Presidente um polícia de uma unidade local disparava também contra o assassino.

“Os nossos homens enfrentaram-no”, garantiu Richard Goldinge numa entrevista citada pelo New York Times. No entanto, explicou o procurador, não foi o agente a disparar a bala que acabou por matar o atirador. O próprio Serviço Secreto já tinha revelado que tinha sido um dos seus snipers a fazê-lo.

Segundo Goldinge, no dia do comício o condado de Butler apoiou o Serviço Secreto ao providenciar quatro equipas de snipers, outras quatro equipas de resposta rápida e vários agentes que estavam em prontidão junto a um celeiro atrás do palco. Nenhum dos agentes estava dentro do edifício de onde o atirador disparou contra Trump.

“Não sei a quem cabia a responsabilidade daquele edifício, mas alguém devia ter lá estado”, sublinhou Goldinger, que acrescentou que assegurar a segurança do local era principalmente um trabalho do Serviço Secreto e que as autoridades locais estavam apenas a apoiar.