A Google deu uma volta de 180 graus na pretensão de eliminar os cookies de terceiros no seu navegador de internet, Chrome, este ano. Agora, recua nessa decisão. Estes identificadores vão continuar a existir. A gigante perdeu esta batalha para os anunciantes.

Os cookies são pequenos ficheiros que recolhem informações (dados pessoais) sobre o utilizador quando navega num site. Podem ser permanentes ou de sessão e são eles que permitem manter o log in de um site ou os items nos carrinhos de compra, mas também são eles que permitem rastreabilidade e a monitorização do utilizador e a personalização consoante o seu perfil. E é por isso que os anunciantes e os produtores de sites gostam tanto deles. O plano da Google era não permitir que os sites de terceiros (não os da Google) recolhessem essa informação. E queria acabar com esses cookies de terceiros no segundo semestre deste ano, que culminava quatro anos de trabalho para que isso se tornasse realidade.

Agora, anunciou no seu blog que volta atrás, depois da oposição dos anunciantes e até de reguladores que não gostaram do plano alternativo. Esta segunda-feira anunciou que estava a procurar “um novo caminho para a privacidade”, que levará ao surgimento de um modelo que vai permitir aos utilizadores ligarem e desligarem a funcionalidade dos cookies, que, no entanto, continuarão a existir.

Anthony Chavez, vice-presidente da Privacy Sandbox da Google, explicou, nessa informação, Que “desenvolvemos a Private Sandbox com o objetivo de encontrar soluções inovadoras que verdadeiramente melhorassem a privacidade online, mantendo, ao mesmo tempo, uma internet baseada em publicidade que apoia um ecossistema vibrante de produtores de conteúdos, editores, e liga os negócios aos consumidores e lhes garante um acesso gratuito e livre a um largo espetro de conteúdos”.

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Durante este tempo, continua, a Google recebeu feedback de vários lados, incluindo reguladores, nomeadamente a britânica CMA (Competition and Markets Authority), que supervisora as questões concorrenciais, e a ICO (Information Commissioner’s Office) e que levaram à decisão. Até porque em abril foi noticiado que esta supervisora tinha feito críticas à proposta da Google de eliminar os cookies de terceiros que pretendia, neste mês de julho, disponibilizar API, interfaces de programação de aplicações do Privacy Sandbox, aos utilizadores do Chrome e que permitiriam realizar testes de tráfego em tempo real em escala.

“Apocalipse dos cookies” ou a transição para uma internet mais privada. O plano da Google para se despedir dos identificadores

Desde 2019 que a tecnológica trabalha neste projeto chamado Privacy Sandbox. Agora, mantém os cookies de terceiros, mas assume que vai continuar a trabalhar nessas API e investir “na melhoria de mais privacidade e utilização”, assumindo que pretende introduzir proteção IP no modo anónimo de navegação do Chrome.

“Adeus, bolachinhas”. O fim dos cookies

Também esta segunda-feira o Wall Street Journal noticiou que caiu por terra a intenção da Google comprar a empresa de cibersegurança Wiz por 23 mil milhões de dólares que agora pretende fazer uma oferta pública inicial em bolsa.