Organizações de utentes do Estuário do Tejo vão esta sexta-feira entregar ao Governo um abaixo-assinado em que reivindicam mais médicos e melhores condições para os serviços de saúde da região, onde cerca metade da população não tem médico de família.

O abaixo-assinado subscrito por mais de 6.100 pessoas reivindica “mais médicos e enfermeiros de família para toda a população da área e que o Hospital de Vila Franca de Xira seja dotado de mais meios, de maneira a que não haja fecho nas urgências de Obstetrícia“, disse à agência Lusa Nélia Ferreira, do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).

O documento será esta sexta-feira entregue ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, por uma comitiva das organizações de utentes dos concelhos de Alenquer, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira, onde nos últimos dois meses foram recolhidas as assinaturas.

Alhandra (Vila Franca de Xira) está sem médicos de família há mais de um ano e Forte da Casa (Vila Franca de Xira) e Carregado (Alenquer) há mais dois anos”, explicou Nélia Ferreira, acrescentando que estas são algumas da situações cuja solução o movimento está a reclamar desde 2022.

De acordo com este elemento da comitiva, “cerca de metade da população do Estuário do Tejo está sem médico de família, sendo que, dos 250.000 utentes da Unidade Local de Saúde (ULS), “cerca de 125 mil pessoas não têm médico“.

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Vila Franca de Xira, por ser o maior concelho servido por esta ULS, é aquele em que se verifica o maior número de pessoas sem médico de família, mas, segundo Nélia Ferreira, a situação é ainda mais grave em concelhos como Azambuja, onde a falta de médicos atinge 80% das pessoas e de Alenquer, onde a percentagem é de 70%.

“No concelho de Benavente há uma freguesia que em que todos têm médico de família, mas nas restantes oito freguesias ninguém tem médico”, exemplificou ainda Nélia Ferreira.

Um panorama que levou os utentes da ULS do Estuário do Tejo a aprovar em maio, num encontro em Alhandra, uma moção que será também esta sexta-feira entregue ao Governo para reivindicar soluções.

“Até ao princípio de 2024 as pessoas nem sequer tinham quem passasse uma receita, nem sequer tinham quem passasse uma baixa” e a resposta que tem sido tentada pelo USL “tem passado nos últimos meses pela contratação de médicos tarefeiros”, afirmou.

Mas isso “não é solução para as pessoas que querem é ter um médico de família, serem acompanhadas e conseguirem, pelo menos, fazer alguma prevenção”, rematou Nélia Ferreira.

A entrega do abaixo-assinado está agendada para as 16h00 na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.