O Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, encerra esta semana para que o edifício seja esvaziado, antes de terem início as obras de reabilitação, no âmbito do PRR, cuja conclusão está prevista para a segunda metade de 2026.

De acordo com fonte oficial do Organismo de Produção Artística (Opart), que gere o São Carlos, em resposta escrita a questões da Lusa, “após a conclusão do 16.º Millennium Festival ao Largo, que se realiza no Largo de São Carlos até 1 de agosto, o Teatro encerrará a sua atividade ao público, para permitir o avanço dos trabalhos de ‘esvaziamento’ do teatro, embalagem e mudança, de acervos, equipamentos e, em novembro, das equipas”.

Segundo a mesma fonte, “esse trabalho é moroso e prolongar-se-á por dois meses”.

O projeto de conservação, restauro, reabilitação e modernização do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) conta com um orçamento global de 32,7 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

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A conclusão das obras “está prevista para o 2º semestre de 2026, seguindo-se a fase de reinstalação de equipas, acervos e equipamentos”.

Até essa data, a equipa do São Carlos, num total de 250 pessoas, instalar-se-á no edifício do Tribunal da Boa-Hora, com acervos temporariamente depositados, conforme a sua natureza, em instalações da Academia das Ciências de Lisboa, do Museu Nacional da Música e do Museu Nacional de Arte Contemporânea.

“Só depois será possível reabrir ao público”, referiu a mesma fonte.

A programação do TNSC enquanto o edifício do Largo do São Carlos, no Chiado, estiver encerrado deverá ser cumprida em digressão pelo país, em coordenação com parceiros locais, e com outros palcos de Lisboa, como o Teatro Camões, o Centro Cultural de Belém e o Teatro Tivoli, passando também pelo Teatro S. Luiz.

A “grande empreitada” no TNSC foi dividida em duas “para garantir o respeito pelo cronograma da intervenção rigorosa e muito exigente”.

Concurso internacional para a primeira empreitada — relativa a demolições, escavação e contenção – será lançado em outubro deste ano. O concurso internacional da segunda empreitada será lançado entre janeiro e fevereiro de 2025″, revelou a mesma fonte do Opart.

Além do TNSC, o Opart gere também a Orquestra Sinfónica Portuguesa, os Estúdios Vítor Cordon e a Companhia Nacional de Bailado, que tem sede no Teatro Camões, outro dos equipamentos também abrangidos pelo PRR.

No caso do Teatro Camões, “a intervenção tem decorrido dentro do calendário previsto”, prevendo-se que aconteça esta semana “a entrega de parte do edifício (estúdios, camarins, gabinetes de trabalho, entre outros), acontecerá na última semana de agosto, permitindo assim o regresso faseado das equipas a partir do início de setembro”.

A conclusão da obra — num investimento de 5,8 milhões de euros — está prevista para 30 de setembro, e o Teatro Camões abre ao público em 15 de outubro, “com um programa específico de reabertura”.

A Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR agravou “para preocupante” a execução na área do Património Cultural, num relatório publicado na quarta-feira, relativo à situação verificada em maio deste ano.

Na área do Património Cultural há sublinhados a vermelho na “apreciação preocupante”, com admissão de possível prorrogação de prazos, o que aconteceu com o Teatro Nacional D. Maria II, que adiou de novo a abertura ao público para o início de 2026, dois anos após a primeira data anunciada.

Do conjunto de 76 investimentos previstos neste segmento da área da Cultura do PRR, que dispõe de um valor global de 214,1 milhões de euros a executar até ao final do primeiro trimestre de 2026, segundo o relatório, mais de metade encontra-se ainda em fase de projeto ou de concurso, anterior ao início de obras. Neste segmento, apenas estão concluídas as medidas do programa Saber Fazer, dedicado à preservação e reconhecimento da produção artesanal portuguesa.

O investimento na área do Património Cultural prevê intervenções em 73 museus, monumentos e palácios, no valor de 165,8 milhões de euros, em dois teatros nacionais — S. Carlos e D. Maria — e no Teatro Camões, num total de 48,3 milhões, perfazendo 214,1 milhões de euros para 76 intervenções.

Na sexta-feira, o Ministério da Cultura disse à agência Lusa que a situação evoluiu desde maio, “tendo-se verificado um avanço no desenvolvimento dos investimentos”.

De acordo com o gabinete da secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, este avanço deverá vir “expresso no próximo relatório” da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR (CNA-PRR).