A produção de calçado nacional recuou, no ano passado, 3,6% para 81 milhões de pares, uma performance ainda assim melhor do que a italiana, que caiu 8,6% no mesmo período, segundo dados esta terça-feira divulgados pela APICCAPS.
De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), no ano passado houve uma redução na produção nacional, em 3,6%, para 81 milhões de pares. Contudo, o setor “voltou a revelar um melhor desempenho do que Itália (perda de 8,6% para 148 milhões de pares)”, referiu.
“Com efeito, nos últimos dez anos, a produção italiana recuou 26,7% (de 202 milhões de pares produzidos em 2013 para 148 no último ano), enquanto a portuguesa aumentou 8% (de 75 milhões de pares em 2013 para 81 em 2023), indicou a associação setorial.
A APICCAPS, citando o World Footwear Yearbook, adiantou que “a produção mundial de calçado caiu 6%, em 2023, para 22,4 mil milhões de pares, o mínimo na década, se excluirmos os anos pandémicos de 2020 e 2021″.
Segundo a informação divulgada pela associação, a “indústria do calçado continua fortemente concentrada na Ásia, onde são fabricados quase 9 em cada 10 pares de calçado, resultando numa quota de 87,1% do total mundial (que compara com os 87,4% do ano anterior)”.
Ainda assim, destacou, no ano passado, “a Europa recuou apenas 5%, que compara com a perda de 7% no continente asiático”.
A China continua a ser o maior produtor mundial de calçado, “respondendo pelo fabrico de 12,3 mil milhões de pares em 2023 e capturando 55% da quota de mercado global”. A Índia, por sua vez, “reforçou a sua participação, sendo agora responsável por 11,6% do total mundial”.
O World Footwear Yearbook atribui a queda na produção mundial à “contração do consumo nos principais mercados mundiais”.
Assim, Estados Unidos (menos 749 milhões de pares), China (queda de 398 milhões de pares) e União Europeia (com queda de 399 milhões de pares) “perderam, em conjunto, praticamente 1.500 milhões de pares”.
Já “as exportações globais de calçado ascenderam a 14 mil milhões de pares e 168 mil milhões de dólares em 2023, implicando uma diminuição anual de 9,1% e 6,1%, respetivamente, nos volumes negociados e no valor das transações”, destacou a APICCAPS
A China é a origem de 63,8% do total das exportações, um valor “acima dos 61,3% em 2022”, sendo que “o Vietname ocupa o segundo lugar a grande distância (9,5%), seguido pela Indonésia (3,2%)”.
Exportações portuguesas de calçado caem 8,2% para 1.839 milhões em 2023
“Estes três países, em conjunto, representam mais de três quartos das exportações mundiais de calçado” salientou a APICCAPS.
Por sua vez, o “preço médio de exportação por par de calçado atingiu 12 dólares em 2023, representando um aumento de 3,2% face a 2022”, com Itália a liderar esta tabela, seguindo-se Portugal.
Portugal ultrapassou Espanha e foi 2.º maior produtor europeu de calçado em 2022
Por fim, no que diz respeito ao consumo, na Ásia “representou mais de metade (54,7%) do total mundial, acima da quota registada no ano anterior”, sendo que “a Europa e a América do Norte seguem, respetivamente, com quotas de 13,9% e 13,4%”.
A China continua a ser o principal consumidor de calçado, embora a sua participação no total mundial tenha diminuído e o consumo nos Estados Unidos “registou uma redução significativa, com o país a perder a segunda posição alcançada no ano anterior e a trocar de lugar com a Índia”, realçou.
A União Europeia, como região, representa o terceiro maior mercado consumidor de calçado, com 1.948 milhões de pares em 2023.
“Ainda que o ano de 2023 tenha sido particularmente difícil para o setor do calçado a nível internacional, começam a verificar-se os primeiros sinais consolidados de ‘nearshoring’ [deslocalização para uma região próxima]”, disse Luís Onofre, presidente da APICCAPS.
“É claramente um bom sinal para as nossas empresas que, mesmo num clima de grande exigência, continuam a investir e a procurar novas oportunidades de negócio”, disse o dirigente associativo.