Os vereadores de PS e BE na Câmara de Lisboa acusaram quarta-feira a liderança PSD/CDS-PP de “incompetência” quanto ao problema do lixo, tendo o presidente do executivo afirmado que a situação “era absolutamente inaceitável” na gestão municipal anterior.

“O lixo continua a acumular-se em todas as ruas da cidade, à porta de cada um dos lisboetas, nas imediações do comércio, dos bares e discotecas”, afirmou a vereadora do PS Inês Drummond, acusando PSD/CDS-PP de “incompetência e incúria” na área da higiene urbana, ao “ignorar” o que considerou ser um dos maiores problemas de funcionamento da capital.

Na reunião pública do executivo municipal, a socialista disse que o lixo acumulado tem originado o surgimento de pragas, ratos e baratas, com mau cheiro a alastrar-se pela cidade, referindo que a qualidade de vida dos lisboetas se degrada todos os dias e criticando a “indiferença” do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), quanto a este problema,

“As imagens que hoje temos são o pior cartão de visita para os turistas que tanto quer atrair”, indicou Inês Drummond, dirigindo-se ao presidente do executivo, mostrando fotografias do lixo acumulado pela cidade.

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Considerando que falta planeamento, organização e compromisso por parte de PSD/CDS-PP, a vereadora socialista lembrou que a recolha de lixo é um serviço custeado pelos lisboetas na fatura da água e pelos turistas com a taxa turística.

Da vereação do BE, Ricardo Moreira referiu que “a crise do lixo está descontrolada” e apresentou fotografias do último ano, com registo de situações nas 24 freguesias lisboetas, indicando que os dados apontam para menos resíduos e mais lixo no meio da rua e a justificação do município aponta para “fatores imprevistos”, desde férias de trabalhadores e realização de eventos.

“Parece-me que o senhor presidente desistiu de resolver este problema. A cidade está cada vez pior e a culpa é de quem desistiu de ter um plano para a crise do lixo na cidade de Lisboa”, realçou o vereador do BE em substituição da eleita Beatriz Gomes Dias.

Em resposta às críticas de PS e BE, o social-democrata Carlos Moedas considerou “quase extraordinário que quem esteve no executivo anterior traga um tema em que o trabalho foi tão mau”, sublinhando que tem fotografias do passado “muito piores” do que as apresentadas hoje.

“Indiferença foram 14 anos da vossa governação, porque o ponto a que chegamos em termos de higiene urbana não nasceu ontem”, frisou o autarca do PSD, realçando que foi o atual executivo que concretizou o pagamento dos subsídios de insalubridade aos trabalhadores da higiene urbana.

Afirmando que a gestão no anterior mandato “era absolutamente inaceitável”, Carlos Moedas destacou o trabalho desenvolvido para resolver a situação, ressalvando que “não se muda de um dia para o outro”.

Em complemento à resposta de Carlos Moedas, o vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), destacou o investimento em recursos humanos nesta área, referindo que, “desde 31 de dezembro de 2021, entraram cerca de 335 trabalhadores, destes 296 por concurso” e, neste período, saíram 140, pelo que o saldo é de cerca de 200 trabalhadores, o que representa “um crescimento assinalável”, acrescentando ainda que decorre um concurso para reforço de 170 profissionais.

Com o pelouro da Higiene Urbana, o vereador Ângelo Pereira (PSD) disse que “nunca nenhum presidente fez tanto pela higiene urbana como este presidente, a nível dos recursos humanos, a nível dos equipamentos, a nível de campanhas de sensibilização”, reconhecendo que, apesar disso, “não é o suficiente” e é preciso “fazer mais”.

Ângelo Pereira lembrou que as juntas de freguesias têm responsabilidade nesta área, porque “recebem milhares de euros para tirar o lixo da rua e não tiram o lixo da rua”, e referindo que esta é também uma questão de civismo.

“A solução está em todos, se fazemos politiquice com isto ou trabalhamos em conjunto”, disse.

Depois das respostas, a vereadora do PS criticou a “falta de visão e de ambição” de PSD/CDS-PP, que governa há cerca de três anos, afirmando que os anteriores executivos “não arranjavam desculpas, apresentavam soluções”, e reforçando que “as falhas na higiene urbana, neste momento, são estruturais, não são pontuais”.

“Nunca nenhum presidente tinha feito tanto pela limpeza urbana, mas a cidade nunca esteve tão suja”, acrescentou Ricardo Moreira, concluindo que PSD/CDS-PP fez “mais mal”, porque “nunca ninguém tinha feito tão mal”.