A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) integra um projeto europeu que pretende dar uma segunda vida aos produtos manufaturados, principalmente os da indústria do calçado, que gera diversos resíduos descartados inadequadamente, revelou aquela instituição.
“Este projeto consiste no desenvolvimento de novas ferramentas que permitam detetar danos em produtos usados e de um sistema multirobô capaz de desmontá-los e prepará-los para a sua reintrodução nas cadeias de produção”, explica o docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e coordenador do projeto na FCTUC, Hélder Araujo, citado numa nota da Faculdade enviada esta sexta-feira à agência Lusa.
Para tal, será também avaliada a refabricação dos produtos atuais, oferecendo critérios de melhoria relacionados com a conceção dos produtos e os sistemas de fabrico, que serão incluídos num guia de eco ‘design’, acrescenta.
“Trata-se de viabilizar o reparo do produto como alternativa à compra de um novo ou ao descarte de usados, de forma técnica e economicamente viável”, revela o também investigador do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR).
Hélder Araujo acrescenta que o objetivo passa ainda por contribuir para a sustentabilidade ambiental, cumprindo assim com os requisitos estabelecidos pela União Europeia nesta matéria.
O projeto “REMAIN – Robotic REMAnufacturing of deformable INdustrial Products” faz parte do “Interreg Sudoe”, o Programa de Cooperação Territorial do Espaço Sudoeste Europeu, que apoia o desenvolvimento regional através do cofinanciamento de projetos transnacionais por meio do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
De acordo com o consórcio, “a área Sudoe é composta por muitas pequenas e médias empresas com baixo nível tecnológico que produzem diferentes produtos de uso corrente e com um ciclo de vida curto, principalmente devido ao baixo custo, dificuldades de reparação/renovação, gerando assim uma grande quantidade de desperdício”.
“Desta forma, pretende-se introduzir a remanufatura como parte do modelo de negócio“, conclui.
O projeto é liderado pelo INESCOP (centro tecnológico do calçado) e o consórcio é composto pela Federação Espanhola das Indústrias do Calçado, Câmara de Comércio AIDA-CCI (Portugal), universidades de Alicante, de Clermont Auvergne INP, de Coimbra e de Saragoça, bem com pelas empresas Automatic Control Numerical SL e SMA-RTY (França) e Associação Social Proyecto Lázaro España.