Quando, na antevisão da final deste sábado, Ruben Amorim disse que o jogo seria “mais importante para o Sporting do que para o FC Porto”, falava “no patamar diferente das equipas” neste momento e na “responsabilidade” que estava do lado dos leões. No entanto, o treinador da equipa de Alvalade estaria longe de imaginar que este jogo se tornaria “mais importante” não pelo resultado final (a vitória do adversário) mas, acima de tudo, pela maneira como o mesmo foi sendo construído. O Sporting esteve a ganhar 3-0, viu o adversário reduzir para 3-1 antes do intervalo e deixou-se empatar aos 66. A estocada final foi sofrida aos 102 do prolongamento, com o 4-3 de Iván Jaime para os dragões.
A derrota foi dura mas Rúben Amorim confessa “não conseguir dizer que o Sporting jogou mal”. Na conferência de imprensa no final da partida, o treinador dos leões recusou-se a justificar o resultado com erros individuais — “quando perdemos, perdemos todos, não apontamos dedos”, disse — e assumiu que só mexeu na equipa quando sentiu que a mesma estava cansada porque, até esse momento, considerou que “a equipa estava a jogar bem”.
“Senti que estávamos sempre no controlo do jogo, mais perto dos golos. Mas temos que ser melhores nos momentos decisivos e, acima de tudo, quando está 3-0, perto de marcar o quarto golo, não podemos de forma alguma sofrer golos em jogadas que são um bocadinho dadas por nós”, defendeu o treinador do Sporting, para quem é fundamental aprender uma lição: “Qualquer jogo está em aberto, a menos que esteja 4 ou 5 zero”.
[Já saiu o primeiro episódio de “Um rei na boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Ouça aqui]
Ainda assim, novo reforço sobre o que pensou da exibição da equipa. “Por mais difícil que seja, eu não consigo dizer que jogámos mal”. E continuou: “Entrámos devagarinho nos primeiros cinco minutos e a partir daí dominámos o jogo, Não fomos bons num lançamento, numa jogada no corredor, onde a bola sobra para o varela, e depois fomos atrás do resultado e numa bola lançada, um remate, bate num jogador e é golo. E, portanto, é seguir em frente”.
A ideia que a equipa controlou o jogo foi uma constante no discurso do treinador. Mesmo quando assumiu que naturalmente houve culpa própria. “É impossível não haver demérito de uma equipa que está a ganhar 3-0 e com o jogo controlado. Há algum demérito e há muito mérito do FCP, que acreditou. Tivemos demérito porque estávamos a ganhar 3-0, fomos ingénuos nesses momentos do golo, mas, tirando o início, controlámos sempre o jogo”, voltou a dizer, antes de deixar elogios ao defesa Zeno Debast, que defendeu de possíveis críticas.
“O Debast foi bom na saída de bola, mas, um defesa e um guarda-redes quando têm um erro, isso marca muito. Se há coisa que o Debast não precisa é de saída de bola: precisa de jogo aéreo e que toda a gente acredite nele. Eu acho que contratámos um craque. Estou muito satisfeito e não o trocava por nenhum central no mundo”, assegurou.
E com essa confiança, deixou um apelo aos sportinguistas, lembrando a eliminação da Liga Europa frente ao Lansk Linz, em outubro de 2020 — no final da época, o Sporting foi campeão. “Hoje, perdemos um título, perdemos todos, já passámos por estes momentos, talvez o Lask Linz seja equivalente. Os sportinguistas que não desistem já de nós. Porque isto nos dá muita força também”.
Trincão diz que derrota “não pode ter impacto na temporada”. Agora, é “olhar em frente” e ganhar as competições “que há para ganhar”
Titular na final deste sábado, Trincão tem duas certezas: “não há muita explicação” para a maneira como os leões perderam frente ao FC Porto e “os sócios do Sporting” não mereciam ver a Supertaça voar para o Dragão. “Fizemos o mais difícil — que foi chegar a uma vantagem de 3-0 –, não tivemos a capacidade de aguentar e, na segunda parte, perdemos segundas bolas e alguns duelos o que fez que o FC Porto ganhasse mais ênfase no jogo”, disse o avançado em declarações à RTP, não escondendo a “tristeza” da equipa.
Ainda assim, defende que, quando se perde ou ganha, não se pode achar tudo bom ou tudo mau. E deixa a lição para seguir: “Temos que olhar para aquilo que é preciso melhorar seja defensivamente ou ofensivamente, ainda estamos no início”.
Já sobre as consequências da derrota, relembra o profissionalismo da equipa e defende que este jogo “não pode ter nenhum impacto” na temporada que agora começou. “Temos que olhar para a frente e ganhar as outras competições que temos para ganhar”, avisou.