Foi ali que tudo acabou. É ali que tudo vai começar. Quase 100 dias depois — 98 — de perder em Vila Nova de Famalicão e “dar” o 20.º Campeonato Nacional ao Sporting, o Benfica regressou a casa do Famalicão. Nos últimos três meses, as águias passaram por um período de mudança e aparecem em 2024/25 determinadas a reconquistar o troféu.

O dia do apocalipse que foi a imagem de uma época inteira (a crónica do Famalicão-Benfica)

João Neves e Rafa Silva saíram durante o defeso, à semelhança de Tengstedt que nunca se assumiu no onze inicial. Para além dessas baixas confirmadas, nos últimos dias Neres e Arthur Cabral também têm sido apontados à saída. Em sentido inverso, Beste, Leandro Barreiro, Renato Sanches e Pavlidis reforçaram os encarnados e Carreras e Di María mantiveram-se para a nova temporada.

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Ficha de jogo

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Famalicão-Benfica, 2-0

1.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Famalicão

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Famalicão: Luiz Júnior; Lucas Calegari (Rodrigo Pinheiro, 68′), Enea Mihaj, Justin de Haas, Francisco Moura; Mirko Topic, Zaydou Youssouf, Gustavo Sá (Tom van de Looi, 68′); Óscar Aranda (Mario González, 86′), Rochinha (Samuel Lobato, 86′) e Sorriso (Gil Dias, 62′)

Suplentes não utilizados: Ivan Zlobin; Riccieli, Gustavo Assunção e Otso Liimatta

Treinador: Armando Evangelista

Benfica: Anatoliy Trubin; Alex Bah (Tiago Gouveia 89′), Tomás Araújo, Morato, Jan-Niklas Beste (Álvaro Carreras, 61′); Leandro Barreiro (Ángel Di María, 72′), Florentino Luís (Marcos Leonardo, 61′); João Mário, Gianluca Prestianni (Orkun Kökçü, 45′), Frederik Aursnes; Vangelis Pavlidis

Suplentes não utilizados: Samuel Soares; António Silva, Martim Neto e João Rego

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Sorriso (12′) e Zaydou (90′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Mário (17′), Prestianni (45+3′), Armando Evangelista (45′), Kökçü (57′), Luiz Júnior (66′), Zaydou (73′), Carreras (80′), Samuel Lobato (90+2′)

“Todos os anos, a época seguinte é sempre a que tem mais pressão. O Benfica é um clube muito exigente, os objetivos e as expectativas passam por ganhar títulos. Já mostrámos, nos últimos anos, que somos capazes de lidar com a pressão. A melhor forma de lidar com esta situação é mostrarmos que somos melhores do que os adversários durante os 90 minutos. Temos confiança, respeito pelos adversários, e sabemos que o Famalicão não vai ser fácil”, analisou Roger Schmidt antes desta partida.

Já o Famalicão, que continua a ser treinador por Armando Evangelista, técnico que esteve nos últimos nove jogos da temporada transata, também atravessa um processo de transição e, durante o marcado, contratou 12 jogadores, alguns deles com ligações ao clube da Luz, como Gil Dias, Rochinha e Diogo Cabral. “Sabemos que o Benfica é um clube que se alimenta de títulos, de vitórias, e só por si isso demonstra o grau de dificuldade que vai ter este jogo. Todas as indicações que temos daquilo que fizemos neste período preparatório levam-nos a crer que estamos preparados para fazer um bom jogo e para poder e ter a ambição de ganhar”, afirmou Evangelista na antecâmara da partida.

No onze inicial, o técnico alemão não apresentou novidades em relação àquilo que testou durante a pré-época, colocando Tomás Araújo e Morato no centro da defesa, Beste no lado esquerdo e Prestianni a acompanhar Pavlidis na frente de ataque. No banco ficaram António Silva e Di María, que se juntaram mais tarde ao grupo, ao passo que Otamendi, Renato, Neres e Arthur não viajaram para o norte do país. Nos famalicenses, Calegari e Rochinha foram as únicas novidades em comparação com a época passada.

Os primeiros minutos foram mais esclarecedores para o lado do Famalicão, que depressa criou perigo junto da baliza de Trubin. No primeiro remate, Francisco Moura subiu no terreno e, à entrada da área, atirou para as mãos do ucraniano (3′). Com o Benfica determinado a construir o jogo desde trás e a arriscar na primeira fase de construção, a equipa de Armando Evangelista subiu as linhas e expôs as fragilidades do conjunto vermelho e branco neste capítulo.

Pouco depois dos 10 minutos e de Morato cabecear para fora na sequência de um canto, os famalicenses começaram a jogada desde trás, a bola viajou até Aranda que, na zona do meio-campo, dominou de peito, rodou e desferiu um grande passe para Sorriso. O avançado isolou-se, tirou a bola de Trubin e atirou a contar para o golo inaugural (12′). O tento não mudou o sentido da partida e os encarnados continuaram com dificuldades em sair a jogar e em explorar as laterais.

A equipa de Roger Schmidt começou a conseguir encontrar espaços por dentro e apostou no jogo interior. Contudo, a velocidade de Sorriso teimava em criar dificuldades e, em mais um lance em que o extremo ganhou a frente a Beste, valeu Tomás Araújo a impedir que o brasileiro se isolasse (36′). Na jogada seguinte, João Mário descobriu Pavlidis no meio, o grego ainda tocou na bola, mas não conseguiu emendar em condições (38′). Na reta final do primeiro tempo, o Famalicão baixou as linhas e o Benfica assumiu a posse de bola no meio-campo ofensivo. Ainda assim, as ocasiões continuaram a escassear o resultado seguiu para o segundo tempo.

Para a etapa complementar, Prestianni ficou no balneário, alegadamente devido a problemas físicos — o argentino regressou ao banco a coxear —, e Kökçü foi opção para jogar nas costas de Pavlidis. A alteração não produziu efeitos na formação lisboeta, que continuou pouco incisiva no início da segunda parte. Em sentido inverso, Sorriso teimava em criar dificuldades à defesa encarnada (50′) e Rochinha testou Trubin, que só conseguiu parar o remate à terceira tentativa (55′). Na outra baliza, o Benfica lá conseguiu fazer o primeiro remate enquadrado, com João Mário a obrigar Luiz Júnior a voar para impedir o golo (59′).

Para a última meia-hora, o técnico alemão desfez o duplo pivot no meio-campo, recuou Kökçü e colocou Marcos Leonardo a par de Pavlidis no ataque. Di María também foi lançado e, na primeira vez que tocou na bola, conquistou um livre à entrada da área. Depois de assumir a cobrança, o remate do argentino saiu ligeiramente por cima (73′). Na resposta, Zaydou Youssouf rompeu a defesa encarnada e, perante a saída de Trubin, tentou o chapéu, mas o ucraniano esticou-se e parou o remate (76′).

Na reta final da partida, Di María voltou a aparecer, descobriu Kökçü solto dentro da área, mas o turco não conseguiu atirar para a baliza (83′). Na resposta, Aranda driblou a defesa lisboeta e, de pé esquerdo, acertou em cheio no poste (84′). Pouco depois, o recém-entrado Tiago Gouveia recebeu uma bola de golo ao segundo poste, mas pecou na decisão e o remate saiu por cima (89′). A fechar, Zaydou voltou a subir à área adversária, mas desta vez teve sucesso, ao concluir da melhor forma uma grande jogada ofensiva (90′). Depois da derrota no Bessa na primeira jornada da época passada (3-2), o Benfica de Roger Schmidt voltou a escorregar no arranque do Campeonato… e em Vila Nova de Famalicão (2-0).