O deputado socialista Hugo Oliveira criticou esta segunda-feira o pedido de “secretismo” do Ministério das Infraestruturas relativamente a reuniões sobre a Linha Férrea do Vouga, que aguarda obras no troço de Oliveira de Azeméis até Espinho.

Em comunicado, o parlamentar que foi eleito pelo círculo distrital de Aveiro e que integra a Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação diz-se “preocupado” com o pedido de silêncio que o ministro Miguel Pinto Luz terá dirigido aos autarcas da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM) — onde também Santa Maria da Feira e São João da Madeira são atravessados pela referida linha férrea.

Hugo Oliveira explica que ficou a saber do pedido de confidencialidade pelo presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis: “Joaquim Jorge Ferreira afirmou em reunião de câmara (…) que tinha ‘indicação do ministro para não revelar o que foi discutido na reunião entre esse e os autarcas da AMTSM” sobre vários cenários de desenvolvimento para o percurso do chamado Vouguinha.

Para o deputado e atual vice-presidente da Federação Distrital do PS de Aveiro (cuja liderança disputará em setembro com o atual número 1), o receio é que o secretismo em causa se deva ao facto de a tutela estar a proceder a um “debate sobre decisões já tomadas” e vertidas no Plano Ferroviário Nacional, “nomeadamente no que respeita à requalificação integral da Linha do Vouga e à criação de um interface com a Linha do Norte”, em Espinho.

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“Embora respeite a posição dos autarcas, não posso aceitar que exista secretismo na discussão desta matéria porque este é um tema que importa e afeta todos — (…) não apenas as autarquias que compõem a AMTSM, mas todos os municípios ligados direta e indiretamente à Linha do Vouga“, defende Hugo Oliveira.

O deputado acrescenta que, “com este género de posições secretas e escondidas, o Governo demonstra a vontade de não cumprimento daquilo que está definido em matéria de investimento na Linha do Vouga”, cujo número total de passageiros, ao exceder os 600.000 por ano, evidencia o potencial desse caminho-de-ferro e atesta “a grande importância que ele tem para os seus utilizadores”.

Hugo Oliveira realça, aliás, que, mais do que discutir “decisões já tomadas”, o que Governo e autarcas deveriam estar a fazer neste momento é “estudar e debater a possibilidade de extensão da Linha do Vouga a sul, até à Universidade de Aveiro”, e a “a criação de uma estação intermodal na zona norte do distrito”, onde a anunciada Linha de Alta Velocidade se irá cruzar com a do Vouguinha.

Questionado pela Lusa quanto ao secretismo pedido pelo Ministro das Infraestruturas, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis não quis comentar o assunto nem as suas ambições para a Linha do Vouga. O Ministério das Infraestruturas, por sua vez, também não esclareceu que justificação tinha o pedido de silêncio dirigido aos autarcas.

Fonte oficial do gabinete de Miguel Pinto Luz reconhece, contudo, que na referida reunião foram “debatidos vários cenários de desenvolvimento da Linha do Vouga, com objetivo de potenciar a sua ligação ao núcleo central da Área Metropolitana do Porto, bem como servir toda a população daquela região com as melhores respostas de mobilidade”.

Na mesma resposta à Lusa, o gabinete acrescenta que “o Ministro das Infraestruturas teve oportunidade de apresentar o ponto de situação das empreitadas realizadas, em curso e previstas em toda a extensão da Linha do Vouga”, mas, embora isso lhe tivesse sido solicitado, não indicou quais são essas intervenções.

O gabinete conclui que a beneficiação da Linha do Vouga é um processo “que está em curso e terá continuidade, como previsto no Plano Nacional de Investimentos 2030”.