Se a última imagem é aquela que fica, o triunfo do Benfica na receção ao Casa Pia teria o condão de fazer as pazes em definitivo entre os adeptos encarnados e a equipa. Pela vitória, pelos três golos, pelas várias chances criadas nos derradeiros 20 minutos do encontro que funcionou como resposta à derrota frente ao Famalicão na primeira jornada. Em parte, mesmo com João Mário de fora por opção técnica, acabou por ser. O nome de Roger Schmidt não foi assobiado como acontecera na semana passada, o apoio desde início foi bem maior, o encontro diante do Estrela esteve sempre controlado. Ainda assim, nem tudo foram boas notícias em mais um triunfo que teve como chamariz a estreia de Renato Sanches pelos encarnados oito anos depois.

Kökçü pediu uma posição mas só precisa mesmo de lugar (a crónica do Benfica-Estrela)

Logo à cabeça, o próprio resultado. Apesar das várias oportunidades criadas para aumentar a vantagem dada pelo golo de Kökçü ainda nos 20 minutos iniciais, sobretudo no arranque do segundo tempo, o Benfica viu em Bruno Brígido uma muralha quase intransponível depois do erro que valeu o 1-0 e a eficácia voltou a ser um dos principais problemas da equipa. Por outro, voltaram as lesões: com o Casa Pia tinha sido Beste, agora foi Aursnes que saiu devido a um desconforto na perna esquerda sentido num lance em que estava sozinho a fazer um movimento de rotação e Tiago Gouveia que se contorcia de dores no braço direito ao deixar o relvado. Por fim, a contestação que ainda se sente na Luz, entre um cartaz com a frase “Benfica vencer > Benfica vender” e notas mostradas por uma adepto com a cara de Rui Costa, presidente do clube.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Foi neste contexto que, a 20 minutos do final, Renato Sanches foi lançado em campo por Roger Schmidt para o lugar de Florentino Luís. Com Leandro Barreiro a assumir mais a posição de ‘6’, o internacional português, que desde que deixou a Luz em 2016 passou por Bayern, Swansea, Lille, PSG e Roma, tentou empurrar a equipa, pediu por mais do que uma vez a bola de braços no ar, arriscou dois passes longos e viu um amarelo por pé alto já em período de descontos. Não se pode dizer que tenha existido uma ação decisiva no triunfo mas na retina ficou a ovação de pé dos adeptos na Luz quando regressou ao palco que o viu nascer.

No final, sobrou a vitória. Há alguns meses que o Benfica não rematava tão pouco num jogo em casa e há dez anos que não tinha apenas quatro golos nos três primeiros encontros do Campeonato mas o triunfo permitiu manter a distância para Sporting e FC Porto antes do clássico entre ambos em Alvalade naquele que foi o segundo jogo sem golos sofridos (e, neste caso, remates enquadrados do adversário). Foi isso que Schmidt preferiu destacar no final, assumindo que a exibição merecia outra tradução no resultado.

“Fizemos um jogo muito bom e podíamos ter ganho de forma mais clara. Tivemos imensas oportunidades para decidir o jogo, na primeira e na segunda parte. Se não marcas, o jogo é sempre difícil. O Estrela tem qualidade na frente, jogadores com velocidade e tens de ter cuidado, defender bem, para não dar momentos para marcar. Foi isso que fizemos. Podíamos ter sido mais inteligentes no esforço que aplicámos, mas no final uma vitória é uma vitória e a performance foi boa”, referiu o técnico à BTV, antes de falar ainda das lesões de Aursnes e Tiago Gouveia. “O Fredrik não se sentiu bem na primeira parte da perna esquerda e decidimos logo tirá-lo para não arriscar. O Tiago ainda não o vi, não passei no balneário. Acho que é algo no ombro, o que nunca é bom. Esperemos que não seja uma lesão grave”, comentou o treinador germânico.

Mais tarde, na conferência de imprensa, Roger Schmidt falou também da hipótese de saída de João Mário, que ficou de fora na receção ao Estrela. “É muito fácil. Há possibilidade que deixe o clube durante este período. É algo que o jogador está a refletir e decidi tirá-lo do plantel”, assumiu o técnico alemão.

“Assobios e aplausos? Vocês estiveram focados nas bancadas, eu estive focado no jogo. Eu quero que a equipa jogue bem, marque golos. Sobre as outras questões, como essa, ou a arbitragem… Não vale a pena ir por aí… Renato Sanches titular em breve? O Renato pode ser titular no Benfica, os adeptos e nós estamos muito felizes por ele. É um jogador fantástico, esteve fora muitos jogos na época passada. Teve de trabalhar muito para voltar à melhor forma e está muito feliz por poder voltar a jogar no Benfica, ao Estádio da Luz. Os adeptos têm de ter paciência, precisa de tempo”, salientou ainda Roger Schmidt.