O secretário-geral do PCP criticou esta sexta-feira o Governo por seguir opções contrárias à vontade da maioria recorrendo às palavras de Luís Vaz de Camões, numa sessão evocativa dos 500 anos do nascimento do poeta português.

Numa intervenção na sessão político-cultural “Camões — Poeta do povo num mundo em mudança” no âmbito do quinto centenário do nascimento do poeta Luís Vaz de Camões, Paulo Raimundo afirmou que “assinalar 500 anos de Camões é também afirmar o caminho novo que se impõe e romper com a política prosseguida por sucessivos governos”.

O líder dos comunistas criticou, de seguida, o PS e o PSD e CDS-PP por aprofundarem um caminho de “desinvestimento e ataque ao SNS, à escola pública, à cultura, à generalidade dos serviços públicos, baixos salários e pensões, manutenção e agravamento da precariedade e das condições laborais”.

“Se o PS se recusou a resolver os problemas, PSD e CDS aprofundam e aceleram esse mesmo caminho, um caminho a que Chega e IL não só se associam como são protagonistas. Opções políticas de fundo ao serviço de grandes interesses dos grupos económicos, opções contrárias à maioria. ‘O fraco rei faz fraca a forte gente’, já escrevia Camões”, disse.

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Em declarações à margem do evento, Paulo Raimundo insistiu nas críticas ao Governo, lamentando que o executivo tenha optado pelo pagamento de um suplemento extraordinário para as pensões em vez de se decidir por um aumento definitivo de, no mínimo, 7,5%, como propõe o partido.

“Anunciou uma medida, propaganda, mais uma, que tem importância para quem recebe mas não resolve nenhum problema de fundo. E o caminho novo que Camões tão bem descreveu e que nós queremos dar-lhe corpo é um caminho que, de facto, nesse caso em concreto, de facto aumenta as pensões e as reformas, de facto aumenta os salários, que resolve os problemas do SNS”, atirou o secretário-geral do PCP novamente referindo-se ao poeta português.

Para Paulo Raimundo, depois de “espremer bem” as opções do Governo o que sobra é “mais negócio para aqueles que fazem da doença o negócio”, para, ironizou, a “coitada da banca que recebe os 14 milhões de euros de lucros por dia” e para os grupos económicos.

O resto das medidas, disse, são “migalhinhas que vão sobrando” porque o “grosso, a parte de leão, tal e qual como escrevia Camões, vai sempre para os mesmos”.

Questionado sobre os incêndios na Madeira, Raimundo recusou tirar, neste momento, ilações políticas do que está a acontecer referindo que o “fundamental neste momento são as pessoas e os bens, e salvaguardar o máximo de meios disponíveis para atacar” este incêndio.

“A situação desenvolveu-se de forma como conhecemos. Só faltava agora estar a atribuir a responsabilidade do incêndio e a dimensão do incêndio ao presidente do governo regional da Madeira”, afirmou.

Paulo Raimundo recusou-se ainda a comentar a proposta do Chega de um referendo à imigração, ironizando apenas que em vez de seguir a proposta do partido de André Ventura se faça um “referendo sobre a distribuição dos lucros, dos grandes grupos económicos, desses que têm 29 milhões de euros lucros por dia”.