Ainda não passaram dois meses desde a final do Euro 2024. Ou seja, ainda não passaram dois meses desde que Portugal teve de começar a retirar as devidas ilações de tudo o que se passou num Campeonato da Europa atribulado, complicado e, acima de tudo, pouco conseguido. Contudo, menos de dois meses depois, Portugal voltava a entrar em campo.

Do Euro 2024 para cá, desde a derrota contra França e da conquista de Espanha contra Inglaterra em Berlim, pouco mudou. Pepe terminou a carreira, encerrando também um percurso muito longo com a Seleção Nacional, mas Cristiano Ronaldo manteve-se — e garantiu entretanto que nem sequer cogitou retirar-se do futebol internacionalmente. Roberto Martínez agitou a convocatória, chamando os mediáticos Pedro Gonçalves e Trincão, mas também os jovens Renato Veiga, Geovany Quenda e Tiago Santos — e era nesse contexto de aparente renovação que Portugal defrontava esta quinta-feira a Croácia.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Portugal-Croácia, 2-1

Fase de grupos da Liga das Nações

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Umut Meler (Turquia)

Portugal: Diogo Costa, Diogo Dalot, Rúben Dias, Gonçalo Inácio (António Silva, 77′), Nuno Mendes, Bruno Fernandes, Vitinha (Pedro Gonçalves, 90′), Bernardo Silva, Pedro Neto (João Neves, 45′), Rafael Leão (Nélson Semedo, 45′), Cristiano Ronaldo (Diogo Jota, 88′)

Suplentes não utilizados: José Sá, Rui Silva, João Palhinha, João Félix, Renato Veiga, Francisco Trincão, Rúben Neves

Treinador: Roberto Martínez

Croácia: Dominik Livakovic, Josip Sutalo, Marin Pongracic (Duje Caleta-Car, 45′), Josko Gvardiol, Kristijan Jakic (Petar Sucic, 77′), Mario Pasalic (Luka Sucic, 67′), Mateo Kovacic, Martin Baturina (Igor Matanovic, 61′), Luka Modric (Ivan Perisic, 77′), Borna Sosa, Andrej Kramaric

Suplentes não utilizados: Nediljko Labrovic, Dominik Kotarski, Nikola Moro, Ante Budimir, Dejan Petkovic, Luka Ivanusec, Marko Pjaca

Treinador: Zlatko Dalić

Golos: Diogo Dalot (7′ e 41′, ag), Cristiano Ronaldo (34′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Luka Modric (72′)

No arranque da Liga das Nações, uma competição que já venceu mas onde falhou a final four nas últimas duas edições, a Seleção Nacional enfrentava uns croatas que ganharam no Jamor no início de junho, num dos últimos jogos de preparação para o Europeu. E Roberto Martínez garantia que a única “pressão” que sentia vinha do exterior. “É uma Seleção com grande mentalidade e capacidade técnicas, com um grande nível por parte dos seus jogadores. Há pessoas que apoiam, mas também há pessoas que querem que percas. O que nós queremos é dar o nosso melhor e agradar aos nossos adeptos. Sei viver com essa pressão”, explicou o treinador espanhol.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, Martínez não inventava e apresentava o aparente onze-tipo da Seleção Nacional, com Gonçalo Inácio a fazer dupla com Rúben Dias na defesa e Diogo Dalot a ocupar o lado direito. Vitinha, Bruno Fernandes e Bernardo surgiam no meio-campo, enquanto que Pedro Neto e Rafael Leão eram os eleitos no apoio a Cristiano Ronaldo. Do outro lado, numa Croácia que não passou da fase de grupos no Euro 2024, Zlatko Dalić tinha os veteranos Modric e Kovacic como titulares.

Portugal não demorou a criar perigo, com Bruno Fernandes a rematar de fora de área para uma defesa atenta de Livakovic logo nos instantes iniciais (6′). Pouco depois, a boa entrada portuguesa materializou-se: Bruno Fernandes desequilibrou na esquerda e descobriu Diogo Dalot na área, com o lateral a fugir à marcação antes de desviar de forma perfeita para abrir o marcador (7′).

A Seleção parecia estar por cima do jogo, causando muito perigo sempre que Pedro Neto acelerava na direita ou Rafael Leão tinha espaço na esquerda, mas a Croácia reagiu bem ao golo sofrido e conseguia trocar a bola de forma pacífica junto à grande área portuguesa. A defesa nacional dava demasiado espaço ao rendilhado jogo croata, com Kovacic a revelar-se um verdadeiro maestro que Portugal não estava a conseguir controlar.

Modric ameaçou o empate com um remate à malha lateral (14′) e Gvardiol testou Diogo Costa (16′), enquanto que a vertigem portuguesa continuava a fazer estragos do outro lado e Cristiano Ronaldo só não marcou porque Livakovic fez um grande defesa com o pé (23′). O jogo prosseguiu muito equilibrado e dividido, com Portugal a ser mais perigoso na velocidade e a Croácia a assustar com bola no pé, e Diogo Costa teve de se aplicar para evitar o golo de Kramaric (31′).

Pouco depois, porém, apareceu o praticamente inevitável. Nuno Mendes cruzou largo na esquerda e Cristiano Ronaldo, livre de oposição e de primeira, desviou para aumentar a vantagem e chegar ao golo 900 da carreira (34′). Até ao intervalo, Diogo Dalot ainda marcou na outra baliza, desviando um remate de Sosa (41′), e Pedro Neto ficou muito perto de bater Livakovic com um pontapé cruzado que foi direitinho à barra da baliza croata (44′).

Roberto Martínez mexeu logo ao intervalo e tirou Neto e Leão para lançar João Neves e Nélson Semedo, com Bruno Fernandes a subir no terreno e Diogo Dalot a assumir um papel mais claro enquanto terceiro central pela direita. A Croácia não conseguiu ter a bola que tinha tido na primeira parte e Portugal aproveitou para assumir o controlo do encontro, acumulando oportunidades de Vitinha (52′), Ronaldo (56′) e Nuno Mendes (59′).

Zlatko Dalić, que já tinha lançando Caleta-Car ao intervalo, voltou a mexer à passagem da hora de jogo e colocou Igor Matanovic, que realizou a primeira internacionalização. O jogo pareceu inverter as características, com Portugal a ter mais bola e a jogar quase sempre inserido no meio-campo adversário e a Croácia a apostar nas transições rápidas e no desequilíbrio, mas o relógio ia avançando e o resultado não se alterava.

Portugal quebrou o ritmo nos últimos 20 minutos e baixou as linhas, abrindo a porta a minutos de autêntico sofrimento. Roberto Martínez procurou refrescar a defesa e trocou Gonçalo Inácio por António Silva, mas a Croácia alavancava nas substituições e na boa exibição de Matanovic uma reação que forçou Diogo Costa a várias intervenções arriscadas. Dentro dos derradeiros 10 minutos, Pedro Gonçalves e Diogo Jota ainda entraram em campo.

Já nada mudou até ao fim e Portugal venceu a Croácia no arranque da Liga das Nações, começando da melhor forma uma competição que tem como objetivo chegar à final four e lutar pelo troféu. Numa quinta-feira banal, no Estádio da Luz, Cristiano Ronaldo convidou 10 amigos, chegou aos 900 golos em toda a carreira e decidiu voltar a fazer história.