O secretário-geral do PCP considerou esta sexta-feira que o aumento do limite total da despesa para 2025 é uma “falsa notícia”, salientando que a maior parte vai ser destinada a encargos com a dívida e “quase nada” para investimento público.

Em declarações aos jornalistas na Festa do Avante!, na Quinta da Atalaia, no Seixal, Paulo Raimundo afirmou ainda não ter visto “com olhos de ver” o quadro plurianual das despesas públicas esta sexta-feira remetido pelo Governo ao parlamento, em que se prevê um aumento em 19,3% do limite total da despesa para 2025.

“Mas acho que é uma falsa notícia. Acho que é manifestamente exagerado, porque faça-se um exercício: desconte-se, desse aumento da despesa, os valores que estão projetados para pagar juros, comissões de endividamento do Estado português, e veja-se quanto é que sobra de facto de aumento para suposto investimento público. É quase nada”, salientou.

Paulo Raimundo considerou que não é com este aumento da despesa que “o problema das pensões, dos salários, da saúde, dos direitos dos profissionais, do direito do acesso à habitação se vai resolver”.

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“Antes fosse, mas não é por aí”, disse.

O secretário-geral do PCP fez estas afirmações após ter visitado duas exposições na Festa do Avante!, uma das quais dedicada aos tabuleiros de Tomar, e outra às funções sociais do Estado e à defesa dos serviços públicos, que visitou guiado por Bernardino Soares, membro da Comissão Política do Comité Central do partido.

Depois, numa breve intervenção inicial, pouco depois da abertura das portas da Festa do Avante!, Paulo Raimundo salientou que o certame é uma “grande afirmação da cultura, do desporto, da gastronomia”, do povo português “e das suas características e práticas”.

Sobre a exposição relativa aos serviços públicos, o secretário-geral do PCP salientou que esses serviços estão a ser “atacados, desmantelados” e “têm de ser recuperados, valorizados, para que respondam àquilo que a Constituição prevê”.

“E é para isso que nós damos este contributo: desde as questões da saúde à habitação, educação, Segurança Social, habitação, cultura, transportes, são tudo direitos constitucionalmente consagrados e que é preciso que sejam respeitados e concretizados. Não há nenhuma razão para que não sejam”, afirmou.

As portas da Festa do Avante! abriram esta sexta-feira às 18h00, com um primeiro dia ainda marcado por homenagens aos centenários do músico Carlos Paredes e o compositor Joly Braga Santos — com um concerto da Orquestra Sinfonietta de Lisboa — e à antiga dirigente comunista Odete Santos, que morreu no final de 2023 e será homenageada num debate.

Além da componente política do evento, a Festa do Avante! vai contar com a presença de vários artistas que subirão aos palcos da Quinta da Atalaia para celebrar os 50 anos do 25 de Abril: Sérgio Godinho, acompanhado pela banda Assessores e a rapper Capicua.

Nesta vertente de celebração da revolução de Abril, vai também subir ao palco o espetáculo “Zeca Sempre”, em que os músicos Olavo Bilac (antigo vocalista dos Santos & Pecadores), Nuno Guerreiro, Tozé Santos e Vítor Silva cantam músicas de José Afonso e “outros cantautores que ajudaram a ilustrar o sentido da revolução”.