A vitória de Portugal contra a Croácia, na passada quinta-feira, foi mais do que uma vitória. Trouxe o golo 900 de Cristiano Ronaldo, um arranque positivo na Liga das Nações e um triunfo contra uma equipa com a qual tinha perdido no início de junho. Pelo meio, trouxe uma exibição positiva. E era nesse contexto otimista que a Seleção Nacional entrava para o encontro deste domingo contra a Escócia.

Portugal defrontava os escoceses na Luz, na segunda jornada da fase de grupos da Liga das Nações e depois de os britânicos terem perdido em casa com a Polónia também na passada quinta-feira. Uma segunda vitória em dois jogos deixava a Seleção Nacional bem posicionada para assumir a liderança do Grupo A da competição, independentemente do que todos os outros fizessem, e Roberto Martínez demonstrou ter essa noção na antevisão da partida.

Ficha de jogo

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Portugal-Escócia, 2-1

Fase de grupos da Liga das Nações

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Maurizio Mariani (Itália)

Portugal: Diogo Costa, Nélson Semedo (Diogo Dalot, 76′), António Silva, Rúben Dias, Nuno Mendes, João Palhinha (Rúben Neves, 45′), Bernardo Silva (João Neves, 68′), Bruno Fernandes, Pedro Neto (Cristiano Ronaldo, 45′), Diogo Jota, Rafael Leão (João Félix, 68′)

Suplentes não utilizados: José Sá, Rui Silva, Pedro Gonçalves, Renato Veiga, Tiago Santos, Francisco Trincão, Geovany Quenda

Treinador: Roberto Martínez

Escócia: Angus Gunn, Anthony Ralston, Grant Hanley, Scott McKenna, Andy Robertson, Billy Gilmour, Kenny McLean (Ryan Gauld, 74′), John McGinn (Ben Doak, 90+1′), Scott McTominay, Ryan Christie (Lewis Morgan, 87′), Lyndon Dykes (Tommy Conway, 74′)

Suplentes não utilizados: Jon McCracken, Zander Clark, Lawrence Shankland, Josh Doig, Connor Barron, Ryan Porteous, Harry Souttar, Max Johnston

Treinador: Steve Clarke

Golos: Scott McTominay (7′), Bruno Fernandes (54′), Cristiano Ronaldo (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ryan Christie (39′), a Andy Robertson (51′), a Nélson Semedo (66′), a Rúben Neves (67′), a Bruno Fernandes (80′), a Anthony Ralston (85′)

“Os nossos jogadores conhecem a intensidade do futebol britânico. A Escócia tem isso. Muita intensidade, ataques rápidos, experiência. Conhecemos a diferença, mas a Escócia é objetiva, vertical, tem qualidade para manter a bola. Os dois últimos jogos mostram que quer ganhar. Perde os últimos jogos depois do minuto 90. É objetiva, tem jogadores de nível. É a primeira vez que há jogadores na Serie A, na Premier League… São de experiência e talento. Não é só uma equipa britânica, uma equipa física, mas uma equipa que tem muitas valências e o jogo será muito competitivo. Preparámos isso”, disse que o selecionador nacional, que também brincou com o facto de ter mulher e sogros naturais da Escócia.

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Assim, Roberto Martínez surpreendia desde logo e deixava Cristiano Ronaldo no banco, apostando em Diogo Jota enquanto referência ofensiva. Vitinha era baixa, depois de se ter lesionado contra a Croácia, e João Palhinha surgia no meio-campo, enquanto que Diogo Dalot dava o lugar a Nélson Semedo e Gonçalo Inácio ficava mesmo de fora da convocatória, substituído por António Silva ao lado de Rúben Dias. Do outro lado, de forma natural, Steve Clarke tinha Andy Robertson e Scott McTominay no onze e deixava Ryan Gauld, ex-Sporting, V. Setúbal, Desp. Aves e Farense, no banco de suplentes.

Ao inverso do que aconteceu contra a Croácia, onde Portugal abriu o marcador logo nos instantes iniciais, este domingo foi a Escócia a colocar-se em vantagem ainda muito cedo. Robertson cruzou na esquerda, na sequência de um livre, e McTominay apareceu solto ao segundo poste e nas costas de Rúben Dias a cabecear para bater Diogo Costa (7′). A partir desse momento, os escoceses encostaram-se ao próprio meio-campo e abdicaram de atacar, cientes de que a grande prioridade era agora defender a vantagem alcançada.

Portugal reagiu bem e poderia ter empatado logo depois, com um remate de Rafael Leão já na área que saiu a malha lateral (9′). O avançado do AC Milan acabou por revelar-se o grande desequilibrador português, provocando muitas dificuldades na ala esquerda e justificando o facto de a equipa estar totalmente tombada para esse lado. A Seleção foi acumulando oportunidades, com António Silva a cabecear por cima (16′), o mesmo Leão a rematar para defesa de Angus Gunn (20′) e Diogo Jota a ficar perto do golo (23′ e 31′), mas a Escócia ia conseguindo manter a vantagem.

A Seleção tinha o controlo absoluto do jogo, atuando praticamente por inteiro dentro do meio-campo adversário e sem que os escoceses procurassem dilatar a vantagem, mas não tinha a capacidade de empatar — e raramente conseguia rematar de forma enquadrada, com Angus Gunn a ser forçado a poucas intervenções apesar do enorme fluxo ofensivo português. Portugal estava totalmente descaído para a esquerda, muito graças ao bom rendimento de Leão, mas tinha poucas incursões centrais e Pedro Neto ainda mal tinha aparecido no jogo.

Assim, ao intervalo, Portugal estava a perder com a Escócia no Estádio da Luz e Roberto Martínez já tinha deixado a ideia de que procurava mudar alguma coisa na segunda parte, colocando Cristiano Ronaldo desde logo a realizar exercícios de aquecimento mais intensos e focados. Afinal, era preciso dar a volta ao marcador para garantir a segunda vitória em duas jornadas da Liga das Nações.

O selecionador nacional não estava a fazer bluff e mexeu mesmo ao intervalo, trocando Pedro Neto e João Palhinha por Cristiano Ronaldo e Rúben Neves e colocando a equipa numa espécie de 4x2x4. E o que tanto faltou na primeira parte não demorou a aparecer na segunda: Leão desequilibrou na esquerda, cruzou para a entrada da grande área e Bruno Fernandes, com um remate de primeira e de pé esquerdo, empatou o jogo no dia em que celebrou o 30.º aniversário (54′).

Portugal quebrou a partir do golo do empate, permitindo que a Escócia conquistasse algum conforto e começasse a sair de forma mais frequente do próprio meio-campo, e Roberto Martínez decidiu tirar Bernardo Silva e Rafael Leão e lançar João Neves e João Félix a cerca de 20 minutos do fim, encostando Bruno Fernandes ao corredor direito e assumindo algo como um 4x1x4x1.

Steve Clarke respondeu a um quarto de hora do fim, com Ryan Gauld e Tommy Conway, e o tempo ia passando sem que Portugal conseguisse sequer criar uma oportunidade de golo. Roberto Martínez voltou a mexer logo depois, trocando Nélson Semedo por Diogo Dalot, e João Félix ficou muito perto de marcar na sequência de uma combinação perfeita com Cristiano Ronaldo (78′). A Seleção ainda teve uma tripla ocasião, com Félix a cabecear para defesa de Gunn e Ronaldo a acertar duas vezes no poste no mesmo lance (82′), mas só conseguiu carimbar a reviravolta já à beira do fim.

Nuno Mendes cruzou a partir da esquerda, Jota ainda se fez à bola ao primeiro poste e Ronaldo, quase sozinho, só precisou de encostar para marcar pelo sexto jogo consecutivo e alcançar o golo 901 da carreira (88′). Portugal venceu a Escócia na Luz e somou a segunda vitória em duas jornadas da Liga das Nações, assumindo a liderança isolada do Grupo A da competição.