Dentro do universo do Sporting, a semana ficou marcada pelo lançamento do documentário “Lado a Lado”, um trabalho com mais de hora e meia que retrata os bastidores da temporada 2023/24, que culminou com a conquista da Primeira Liga. Um lançamento que até pareceu celebrar os seis anos de liderança de Frederico Varandas — um dado cronológico que o próprio presidente leonino recordou esta quinta-feira.

Frederico Varandas foi o primeiro orador do Thinking Football Summit, o evento organizado pela Liga Portugal que anualmente reúne várias personalidades do futebol nacional e internacional em três dias de conversas e conferências na Super Bock Arena, no Porto. Questionado sobre a possibilidade de o Sporting conquistar o bicampeonato no final da temporada que agora começou, o presidente leonino lembrou precisamente que, há seis anos, essa era uma ideia surreal.

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“Se ouvisse essa pergunta há seis anos iria parecer de outro planeta ou acharia que estamos malucos. É a prova do crescimento do Sporting, foram dois títulos em quatro anos. O primeiro disruptivo, este mais natural. Sobre o bicampeonato, acreditamos muito no nosso potencial, no treinador e na equipa e queremos muito dar essa alegria aos adeptos”, atirou, sublinhando a importância da continuidade de jogadores-chave. “Tentamos gerir o nosso projeto desportivo com critério. Temos tido a base, que se mantém, e fizemos também alguma renovação do plantel, mas sempre com equilíbrio”, acrescentou.

Nesse sentido, de forma natural, depressa surgiu o tema Viktor Gyökeres — que ainda na semana passada abordou a própria cláusula de rescisão, firmada nos 100 milhões de euros, assumindo a ideia de que pode ser “demasiado alta”. “Uma cláusula de 100 milhões e o ser batida depende do momento do jogador, da idade, de se há mais do que um clube na disputa. Já vi jogadores inferiores a serem transferidos acima de 100 milhões e grandes jogadores abaixo dos 100 milhões”, começou por dizer Varandas.

Sporting SAD com lucro de 12,1 milhões de euros no terceiro exercício positivo consecutivo

“O Sporting está feliz por ter o Viktor e ele está feliz aqui. Durante o mercado não houve um dia sem uma notícia a dizer que o Viktor saía. O mercado fechou e continuam com estas perguntas. Mas pronto, vivemos bem com isso e assim será. Temos uma equipa forte, o Viktor sabe que está bem ladeado por dois craques como o Pote e o Trincão. O Morten [Hjulmand] é muito humilde. O Sporting tem hoje um grupo muito valorizado. Não me lembro de ter um plantel tão valioso, falando a nível de ativos. Agora, se vamos superar os nossos rivais, isso só se vê em campo”, explicou o presidente dos leões.

O Sporting apresentou nos últimos dias um lucro de 12,1 milhões de euros relativo à temporada passada, carimbando três exercícios positivos consecutivos, algo que Frederico Varandas recorda ser “inédito” na história do clube. “Se não fosse a Covid teriam sido cinco e isso é algo de extraordinário para um clube que vinha de onde vinha. É extraordinária essa recuperação financeira e deve-se muito ao crescimento das nossas receitas de negócio. Crescemos 50% em seis anos nas nossas receitas de negócio. É o trabalho de uma estrutura. Se aumenta a responsabilidade? Claro que sim. Já temos delineado no nosso projeto que o Sporting está preparado para estarmos abertos a um parceiro estratégico que possa alavancar o nosso projeto desportivo, se os sócios assim o quiserem. Os moldes são sempre que o clube mantenha a maioria do capital da SAD, mas a palavra será dos sócios. Não existe nada, estamos apenas preparados. Percentagem? Defendemos que o clube mantenha a maioria”, indicou.

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Noutro dos temas mais polémicos da atualidade do futebol nacional, o presidente leonino também abordou a questão da centralização dos direitos televisivos, defendendo esperar que os três principais clubes portugueses nunca “dêem um passo atrás”. “Espero que nunca venha a acontecer. Temos uma visão de centralização onde os grandes não podem perder o pouco, que parece muito em Portugal, em comparação com o que há lá fora. Neste momento já lutamos de forma tão desequilibrada que uma redução tornaria ainda mais insustentável competir a este nível. Não temos essa hipótese em cima da mesa. Acreditamos, sim, que os clubes pequenos tenham de dar um passo em frente, mas os grandes não podem dar passos atrás”, afirmou, acrescentando que “não há como estar fora da centralização”, mas é preciso “lutar pelo melhor contrato possível”.

Por fim, Frederico Varandas comentou ainda a continuidade de Rúben Amorim no comando técnico dos leões. “Não sei. Todos os anos dizem que ele vai embora e todos os anos ele continua aqui”, explicou, garantindo depois que o Sporting está “forte, pujante”. “Gostaria de ter crescido, enquanto criança, adolescente, com um Sporting assim. Não vou mentir. Não me recordo de ver um Sporting com esta pujança, com esta força e esta organização. E acho que isso se nota no dia a dia, nota-se nas crianças, nota-se nos nossos adeptos”, terminou.