Centenas de guardas prisionais são esperados dia 19 no exterior da cadeia de Vale de Judeus num “encontro de solidariedade” para demonstrar “a união e a força” do corpo da guarda prisional, indicou esta quinta-feira o sindicato.

Em comunicado, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) refere que a iniciativa, marcada para as 11h00, está relacionada com “a situação da fuga dos cinco reclusos daquele estabelecimento prisional no passado sábado e tem como primeiro objetivo demonstrar a união e a força” do corpo da guarda prisional.

Vale de Judeus. Os momentos-chave da fuga da prisão vistos de cima

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O sindicato estima que estejam presentes “várias centenas” de guardas prisionais, vindos de norte a sul do país.

O sindicato salienta que esta iniciativa ocorre numa altura em que, “pelas piores razões, todas as denúncias e reivindicações da direção do SNCGP nos últimos quatro anos estão finalmente a ser ouvidas, nomeadamente pela ministra da Justiça”, sendo ainda “essencial demonstrar simultaneamente aos próprios guardas prisionais de Vale de Judeus a solidariedade de todos os colegas”.

Contactado pela agência Lusa, Frederico Morais, presidente do SNCGP, negou que a intenção deste encontro de guardas seja uma “forma de pressão” para evitar a eventual responsabilização disciplinar de alguns guardas que estavam de serviço no dia de fuga, garantindo que a intenção desta iniciativa é “revelar o estado lastimável em que se encontram as cadeias em Portugal“.

Nesse sentido, Frederico Morais frisou que o encontro ocorre em Vale de Judeus como poderia ter lugar no Terreiro do Paço, onde em janeiro passado o sindicato já tinha realizado um “funeral simbólico” do sistema prisional, alertando o então Governo socialista para as péssimas condições de trabalho e de funcionamento do sistema prisional.

Quanto aos processos de averiguações e de inquérito criminal de que são visados alguns dos guardas da cadeia de Vale de Judeus por falhas na videovigilância e outras, o presidente do SNCGP disse à Lusa estar “convicto” de que não houve qualquer tipo de cumplicidade ou de irresponsabilidade por parte dos seus colegas que estão a ser alvo de eventuais processos disciplinares e outros.

Frederico Morais apontou que a própria ministra da Justiça na entrevista à RTP acabou por reconhecer que a falta de comando e desleixo de que falara na conferência de imprensa não era dirigida aos guardas prisionais mas aos altos responsáveis dos serviços prisionais, tanto mais que o diretor-geral, Rui Abrunhosa Gonçalves, foi afastado do cargo.

Duas demissões, duas auditorias e mais negociações com os guardas prisionais. A resposta da ministra da Justiça à fuga de Vale de Judeus