A ministra da Saúde comprometeu-se a dar orientações às unidades locais de saúde para que sejam pagas “o mais urgentemente” as dívidas às corporações de bombeiros pelo transporte de doentes não urgentes, adiantou esta quinta-feira a Liga dos Bombeiros Portugueses.

“Há esse compromisso da senhora ministra [Ana Paula Martins] de poderem, junto das várias entidades, criarem as condições para que essa dívida seja paga o mais urgentemente possível”, destacou à Lusa o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, após uma reunião com a ministra da Saúde.

António Nunes explicou, no entanto, que não foi fixada uma data, porque nem a LBP, nem o próprio Ministério da Saúde sabe “quais são as razões que levaram a que alguma dívida não tenha sido paga”.

“Nós não sabemos se é um problema de reforço orçamental ou se é um problema de registo de dívida. Portanto, para não estarmos com um compromisso que não podíamos cumprir, não fixámos propriamente uma data. Daqui a 15 dias ou três semanas, se verificarmos que as dívidas não estão a ser pagas, naturalmente voltamos a ter um encontro com a senhora ministra”, frisou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em agosto, o presidente da LBP tinha referido à Lusa que a dívida às corporações de bombeiros era de cerca de 30 milhões de euros e estimou hoje que o valor continua a ser esse.

António Nunes deu como exemplo os hospitais de Coimbra, frisando que devem às corporações de bombeiros pelo transporte de doentes não urgentes cerca de 5,5 milhões de euros.

“Nós precisamos que essa dívida seja paga com a maior urgência possível”, vincou.

O líder da LBP revelou ainda que a ministra da Saúde assumiu esta quinta-feira o compromisso de, até ao final do ano, ter o sistema de gestão de transportes de doentes não urgentes “aplicado em todas as unidades locais de saúde”.

Para António Nunes, permitirá ter “uma gestão melhorada da organização desse transporte de doentes”.

Lembrando que algumas unidades locais de saúde “ainda não tem o sistema implementado, apesar de existir desde 2012”, António Nunes apontou que esta melhoria permitirá “desde logo mensalmente saber qual é a dívida que os hospitais têm aos bombeiros”.

“Situação que hoje se torna praticamente impossível de saber, porque essas dívidas muitas das vezes não são registadas”, realçou ainda.

Governo vai criar task force com bombeiros para melhorar sistema de transporte

A Liga dos Bombeiros Portugueses adiantou ainda que o Ministério da Saúde vai criar uma ‘task force’, que envolverá aquele organismo, para analisar o sistema de transporte de doentes urgentes e não urgentes e introduzir melhorias.

“[A ‘task force’] É fundamental para que os vários intervenientes, do ponto de vista técnico, se sentem à mesa e que construam a resposta ao sistema, porque caso contrário andamos aqui a correr atrás do prejuízo”, explicou à Lusa o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, após a reunião com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

António Nunes acrescentou que esta ‘task force’ deve envolver os gabinetes da ministra da Saúde e da secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, bem como da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), da LBP e de outros serviços do Ministério da Saúde.

Para o líder da LBP, esta equipa de trabalho devem fazer a monitorização dos problemas em permanência e “daqui até ao final do ano, alterar um conjunto de procedimentos que, quanto a nós estão ou incompletos ou menos práticos de realizar, para se ter a partir de janeiro de 2025 uma organização diferente”.

Questionado sobre se a reunião com a ministra da Saúde abordou o encerramento de várias urgências, em especial de ginecologia e obstetrícia, e a realização de várias partos em ambulâncias, durante o transporte de grávidas, António Nunes destacou que a criação da ‘task force’ é fundamental tratar estes temas.

O presidente da LBP explicou que a Saúde já “resolveu o seu problema” ao fechar urgências e ao dizer que funciona em rede, resultando no transporte de doentes para mais longe da sua área de residência.

Mas questionou: “Então e perguntar aos bombeiros se nós temos capacidade para fazer serviço? Porque a grande questão que nós temos tido é saber se aquilo que é o funcionamento em rede, e a senhora ministra compreendeu isto, pressupõe que há uma entidade, que são os bombeiros, que têm capacidade para garantir que a rede funcione”.

Para António Nunes, é fundamental que o Ministério da Saúde perceba que há “um parceiro de serviços que se chamam bombeiros e que tem de ser chamado ao sistema”.

“Nós temos capacidade para transportar, mas então o número de ambulâncias que nós temos disponíveis para o sistema não devem ser 400, mas 600, 700 ou 800”, sublinhou ainda, apontando para um reforço dos meios.