O Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, defendeu perante os responsáveis agrícolas das 20 maiores economias do mundo que a investigação e a inovação precisam ser partilhadas para que o mundo alcance a segurança alimentar.

Num discurso proferido na quinta-feira, na reunião ministerial do G20 no estado brasileiro do Mato Grosso, a que a agência Lusa teve acesso, José Manuel Fernandes frisou que para que o objetivo da segurança alimentar seja atingido é necessário “concretizar as palavras cooperação e partilha”.

“Nós precisamos de investigação e inovação e há quem tenha já essa investigação e essa inovação e, portanto, ela precisa de ser partilhada” através de uma cooperação que tenha em conta as especificidades de cada território, sublinhou o ministro português.

No discurso, José Manuel Fernandes detalhou que num mundo que em breve terá “nove mil milhões de pessoas”, com escassez de recursos será necessário investir “na educação, na formação profissional nas competências” e no investimento para modernizar a agricultura, sempre com o objetivo de “produzir alimentos de qualidade de forma que as pessoas os possam comprar e no respeito pelos padrões ambientais e das mais elevadas normas de segurança”.

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Já esta sexta-feira, num outro discurso a que a Lusa teve acesso, o ministro português defendeu a importância da agricultura familiar como fator de coesão social e territorial.

Quanto à pesca e à aquacultura, o responsável português disse que “tal como a agricultura familiar, significam também gastronomia, turismo, desenvolvimento local e regional, património cultural, elementos” estes que é necessário “valorizar e apoiar”.

Em relação à pesca ilegal defendeu a importância de “uma ação global“.

Os ministros da Agricultura dos países do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo, divulgaram esta sexta-feira uma declaração conjunta em que defendem a agricultura sustentável para garantir a segurança alimentar global.

O fortalecimento da agricultura sustentável é a melhor ferramenta para enfrentar a pobreza, a fome, a crise climática, a perda de biodiversidade e a desertificação em todo o mundo, refere-se no documento aprovado pelas delegações presentes.

O encontro que termina esta sexta-feira está a ser realizado num local simbólico para o Brasil: na cidade de Cuiabá, no estado de Mato Grosso, maior produtor de grãos do país e onde está localizada a maior produção bovina do país.

Esta região, que abriga também parte da Amazónia, do Pantanal e do Cerrado, sofre atualmente de uma seca extrema que provocou a propagação de vários incêndios florestais.

O Brasil, a maior economia da América Latina, é anfitrião do evento, uma vez que exerce este ano a presidência rotativa do G20.

Ao longo deste ano, o Governo brasileiro organizou mais de uma centena de reuniões e grupos de trabalho no âmbito do G20 e culminará o seu mandato com a cimeira de Chefes de Estado e de Governo que se realizará no Rio de Janeiro em 18 e 19 de novembro.

O G20 é constituído pelas principais economias do mundo: Estados Unidos, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia, e ainda pela União Europeia e União Africana.

O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização, assim como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

As prioridades do Governo brasileiro para esta presidência do G20 são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global.