A porta-voz do PAN classificou este sábado de “absolutamente infelizes” as afirmações do ministro da Defesa, Nuno Melo, de que “Olivença é portuguesa”.

“Essas declarações são absolutamente infelizes. Nuno Melo é presidente do CDS, mas não está nessa qualidade e, portanto, na qualidade de ministro tem que ter não só diplomacia, mas responsabilidade, porque está a falar em nome do país”, afirmou Inês Sousa Real na rentrée política do partido que decorreu em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

A porta-voz do PAN reagia ao facto de Nuno Melo ter afirmado na sexta-feira, na cerimónia comemorativa do Dia do Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), em Estremoz, que “Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma”.

“Aliás, por tratado, Olivença deverá ser entregue ao Estado português”, continuou Nuno Melo em resposta aos jornalistas.

Posteriormente, Nuno Melo escreveu na rede social X que a posição que expressou “não vincula o Governo” (PSD/CDS-PP, liderado por Luís Montenegro).

Lembrando que Nuno Melo “está a falar em nome de Portugal”, Inês Sousa Real considerou que há tempos e lugares para se debaterem determinados assuntos.

E aquele “não era o tempo e o lugar” para fazer aquelas afirmações, entendeu.

Sobretudo, acrescentou, quando se vive um período conturbado com a invasão da Rússia à Ucrânia e um conflito na Faixa de Gaza.

Também na sexta-feira, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou “inusitado que um ministro da Defesa faça uma declaração com esse peso, essa importância, e com esse impacto nas relações diplomáticas com a Espanha e isso não seja articulado com o ministro dos Negócios Estrangeiros ou com o primeiro-ministro”.

Por seu lado, o alcaide de Olivença, Manuel José González Andrade, defendeu nesse mesmo dia que os discursos que “tentam dividir ou confrontar, falando de territórios sem pensar nas pessoas”, são típicos de séculos passados.

Olivença, com cerca de 12 mil habitantes, é uma cidade na zona raiana reivindicada por direito por Portugal, desde o tratado de Alcanizes, em 1297, mas que Espanha anexou e mantém integrada na província de Badajoz, na comunidade autónoma da Estremadura, apesar de ter reconhecido a soberania portuguesa sobre a cidade quando subscreveu o Congresso de Viena, em 1817.

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