Pode o futebol em Portugal ser praticado durante tarde? Pode, e FC Porto e Farense mostraram que sim. É certo que o horário (15h30) não é incomum no futebol português, mas é uma raridade se tivermos em conta os três grandes e Sp. Braga e V. Guimarães, de acordo com um levantamento feito pelo Zerozero. Esse acabou por ser o grande destaque desta partida, com o Dragão a receber a partida num dia solarengo na cidade do Porto. E os adeptos não faltaram à chamada, esgotando os bilhetes do anfiteatro azul e branco, num horário convidativo para quem teve de se deslocar para o sul do país.

O encontro acabou por não defraudar os espectadores e, apesar de o jogo ter sido complicado e resolvido apenas na parte final, a equipa azul e branca revelou-se muito superior diante de um frágil Farense, que teve em Ricardo Velho a sua principal figura. Para a história fica um resultado magro, três bolas nos ferros da baliza algarvia e uma mão cheia de defesas do guarda-redes. Galeno fez o primeiro golo, de penálti, no arranque da segunda parte, mas um erro de Otávio permitiu a Tomané empatar logo a seguir. A fechar, Samu Omorodion saltou do banco para ser o herói.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

FC Porto-Farense, 2-1

5.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

FC Porto: Diogo Costa; João Mário (Martim Fernandes, 74′), Nehuén Pérez, Otávio Ataíde, Francisco Moura (Gonçalo Borges, 74′); Alan Varela, Nico González; Iván Jaime (Samu Omorodion, 64′), Pepê, Wenderson Galeno; Danny Namaso (André Franco, 64′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos; Stephen Eustáquio, Vasco Sousa, Fran Navarro e Zé Pedro

Treinador: Vítor Bruno

Farense: Ricardo Velho; Pastor, Marco Moreno, Artur Jorge, Raúl Silva (Darío Poveda, 84′), Derick Poloni (Paulo Victor, 84′); Miguel Menino (Ângelo Neto, 79′), Cláudio Falcão, Mehdi Merghem (Álex Millán, 79′); Rafael Barbosa (Álex Bermejo, 67′) e Tomané

Suplentes não utilizados: Lucas Cañizares; Gio Almeida, Lucas Áfrico e Rivaldo Morais

Treinador: José Mota

Golos: Galeno (48′, pen.), Tomané (51′) e Samu Omorodion (75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Artur Jorge (45+1′), Raúl Silva (82′), Galeno (89′), Nico (90+5′) e Neto (90+5′)

FC Porto e Farense chegaram a esta quinta jornada praticamente em extremos opostos da tabela classificativa e, naturalmente, em situações bem distintas. De um lado estava uma equipa em reconstrução e que até mostrou bons resultados nos primeiros jogos mas, ainda assim, caiu em Alvalade na última jornada (2-0). Do outro estava um conjunto algarvio a realizar o pior início da sua história na Primeira Liga, só com derrotas. A vitória revelava-se assim essencial para os dois conjuntos, já que os dragões não queriam deixar fugir ainda mais o líder Sporting e os leões algarvios pretendiam somar os primeiros pontos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nas últimas horas da janela de transferências, muito mudou no emblema portista… ou talvez não. Galeno esteve praticamente com os dois pés nos sauditas do Al Ittihad, mas o negócio acabou por cair, com a equipa árabe a encontrar outra opção. Apesar de Francisco Moura ter sido contratado para ocupar o lado esquerdo da defesa azul e branca, o luso-brasileiro continuava a ser apontado ao onze, num jogo que ficou marcado por uma grande ovação do Dragão ao jogador ao minuto 13, fruto dos últimos acontecimentos.

“Após uma derrota, a nossa vontade é atacar o jogo numa fase imediata, logo a seguir ao final do jogo anterior. Nós fomentamos muito uma regra, que é não entrarmos em agonia mais do que 24 horas. As primeiras 24 horas após o jogo de Alvalade foram difíceis. Obviamente que isto não se perdeu ao longo destas duas semanas, está sempre guardado, não esquecemos, mas, em termos de trabalho diário, totalmente vinculados de forma enérgica e à nossa forma de jogar”, revelou Vítor Bruno na antevisão ao encontro.

“O treinador e os jogadores têm que fazer tudo para perceber o momento em que estamos. Sabemos que todas as equipas durante o Campeonato, têm ondas negativas, têm fases menos boas. Nós estamos a passar a nossa fase e queremos é ultrapassá-la rapidamente. Temos consciência e temos capacidade para a ultrapassar. Vai ser um jogo com uma grande intensidade. É um FC Porto sempre muito forte, não só na recuperação de bola, como também na capacidade de pressão”, assumiu, por sua vez, José Mota.

Vítor Bruno acabou por fazer três alterações no onze inicial e promoveu duas estreias: Francisco Moura e Nehuén Pérez. Deste modo, Galeno voltou à sua posição de origem, ocupando o setor atacando com Pepê, Iván Jaime e Namaso. João Mário também regressou à equipa, por troca com Vasco Sousa. José Mota acabou por fazer mais mexidas — cinco — e reforçou o setor defensivo para um jogo que se esperava difícil. Derick Poloni, Raúl Silvo, Marco Moreno, Miguel Menino e Mehdi Merghem entraram para os lugares de Elves Baldé, Álex Millán, Ângelo Neto, Lucas Áfrico e Rivaldo Morais.

Os dragões entraram com personalidade e uma prestação afirmativa, em busca da baliza adversária e, logo nos primeiros minutos, João Mário atirou ao poste, depois de ter recebido um passe de Iván Jaime dentro da área (3′). Na jogada seguinte, o internacional português encontrou Pepê sozinho nas costas da defesa do Farense, o brasileiro amorteceu para Galeno, mas o extremo atirou por cima (4′). Os azuis e brancos continuaram mais perigosos e, num curto espaço de tempo, valeu Ricardo Velho a impedir o golo à dupla brasileira do ataque, com um voo e uma bela saída dos postes (15′ e 18′).

Na parte final do primeiro tempo, o FC Porto voltou a aumentar a intensidade e acelerar em busca do golo inaugural, mas o guarda-redes algarvio estava mesmo em dia sim e continuou a somar defesas de qualidade. Primeiro, Nico cabeceou na sequência de um livre e, com um grande voo, Velho parou o remate (35′). Depois, Iván Jaime tentou marcar com um remate rasteiro, mas o adversário parou o remate com a mão direita (40′). A fechar o primeiro tempo, João Mário apareceu sozinho a rematar, na ressaca de um cruzamento, falhando o alvo (45+4′). Apesar do domínio e das ocasiões dos portistas, o nulo continuava a imperar e o primeiro objetivo de José Mota estava cumprido.

Na etapa complementar, os dragões voltaram a ter uma entrada de rompante e chegaram rapidamente ao golo. No primeiro lance, Galeno foi agarrado dentro da área por Marco Moreno e, na cobrança do penálti, atirou forte para o fundo das redes (48′). Contudo, a defesa do dragão meteu água logo a seguir e Tomané aproveitou para empatar, depois de um erro clamoroso de Otávio (51′). O Farense deu seguimento à excelente reação e, pouco depois, Moreno apareceu com perigo a cabecear para as mãos de Diogo Costa (56′). A melhor fase dos algarvios na partida continuou e, num lance em que Artur Jorge subiu até à área adversária, os leões de Faro voltaram a ficar perto de marcar (65′).

Os dragões conseguiram voltar a evidenciar-se no desafio e, nas oportunidades seguintes, a bola voltou a beijar os ferros da baliza de Velho, através de remates de Nico (66′) e Galeno (71′). Pelo meio, o guarda-redes reapareceu para parar um remate de Pepê (66′) e travar um lance em que o número 13 surgiu isolado (72′). Já depois de Bruno ter refrescado os corredores, a equipa chegou ao golo do triunfo num lance que começou num lançamento lateral e terminou com Samu a encostar para o fundo das redes, depois de Velho ter defendido um primeiro remate de Varela (75′). A vitória estava assim consumada depois do sobressalto e permite ao FC Porto voltar ao segundo lugar da Primeira Liga, a três pontos do líder Sporting.