O JPP/Açores pediu este sábado a demissão da secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, na sequência dos resultados do grupo SATA e outras “variadas situações”, considerando que Berta Cabral não tem condições para continuar no cargo.

Em comunicado, o líder do JJP/Açores, Carlos Furtado, ex-presidente do Chega/Açores e deputado regional, salienta que Berta Cabral “não tem condições para continuar a exercer o cargo, atendendo às variadas situações que têm surgido na respetiva secretaria e também aos recentes resultados do grupo SATA”.

Segundo Carlos Furtado, os resultados da companhia aérea açoriana estão “diretamente ligados às opções do governo [de coligação PSD/CDS-PP/PPM], quer em matéria de estratégia empresarial da companhia, quer na confiança depositada nas últimas administrações”.

O dirigente, cujo partido não tem assento no parlamento dos Açores, considera que, “na lista de queixas à referida secretária, encontram-se as irregularidades na gestão da atribuição do subsídio social de mobilidade”.

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A “negociação de dois barcos elétricos sem garantir as condições adequadas para sua operação, até a incapacidade de implementar um novo modelo de transportes marítimos de mercadorias e passageiros”, são outras das “queixas” indicadas.

O líder do JPP/Açores aponta ainda a “indefinição quanto ao aeroporto da ilha do Pico, o fracasso na execução de um novo modelo de transportes rodoviários e, principalmente, a gestão desastrosa do processo SATA”

“O JPP Açores não tem dúvidas de que a permanência da atual secretária regional no cargo está insustentável. São muitos os casos não resolvidos durante o tempo em que Berta Cabral ocupa a função e a região não pode ficar refém desses problemas, considerando a urgência de resolução para garantir o futuro de setores estratégicos para os Açores”, afirma o dirigente.

Para o JPP/Açores, o “crescimento da dívida do grupo SATA para níveis alarmantes e irreversíveis”, assim como a “indefinição em relação à anunciada privatização da Azores Airlines, criam constantes obstáculos à programação do futuro, o que afeta os empresários regionais, que precisam de planejamento”.

Por isso, acrescenta Carlos Furtado, Berta Cabral deve “assumir seus erros e afastar-se da secretaria para evitar alimentar o clima de desconfiança que se instalou”.

Em comunicado divulgado na sexta-feira, a SATA indicou que se manteve uma trajetória de crescimento de receitas no primeiro semestre do ano, embora os custos operacionais tenham condicionado o desempenho operacional e financeiro nesse período.

“O crescimento contínuo das receitas mantém-se em 2024, atingindo cerca de 180 milhões de euros, o que representa um aumento de cerca 32 milhões de euros (+22%) quando comparado com o período homólogo de 2023”, indicou a empresa aérea da Região Autónoma dos Açores.

No entanto, de acordo com a empresa, “a pressão sobre os custos fez recuar o EBITDA [resultado operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] para 6,5 milhões negativos, em comparação aos 3,6 milhões de euros positivos verificados no primeiro semestre de 2023”.

“O resultado líquido do Grupo SATA foi afetado pela pressão provocada pelo aumento dos custos operacionais, bem como nos gastos financeiros, fixando-se nos 45 milhões negativos”, segundo a empresa.