É uma combinação tremenda de vapor de água tropical, com uma tempestade vinda do Atlântico Norte. Quando se juntarem, devem deixar inundados o Norte e Centro de Portugal, daí não faltarem alertas do IPMA e da Proteção Civil. Primeiro chega um enorme e raro rio atmosférico, com mais de cinco mil quilómetros, que atinge o continente ainda na noite desta terça-feira, mas se fará sentir sobretudo ao longo de quarta e quinta. Depois junta-se-lhe a tempestade Aitor, a primeira da temporada, carregada de água gelada. Ambos causarão chuva intensa e vento forte nos próximos três dias.

Os valores acumulados de precipitação entre esta terça e sexta-feira podem atingir entre 100 a 150 mm no Minho e Douro Litoral e nas serras dos distritos de Vila Real, Viseu, Aveiro e Coimbra, e entre 70 a 120 mm no restante litoral a norte do Cabo Mondego, concentrando-se a maior no período compreendido entre a tarde do dia 25, esta quarta-feira, e o final da manhã de dia 26, quinta, segundo o último comunicado do IPMA. Na região sul a chuva será menos intensa, sendo pouco provável no interior do Baixo Alentejo e sotavento algarvio.

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O vento será mais intenso entre a tarde de dia 25 e o início da tarde de dia 26. Nas regiões Norte e Centro, soprará de sudoeste por vezes forte, até 45 km/h, com rajadas até 70 km/h, soprando por vezes muito forte, até 60 km/h, com rajadas até 90 km/h, nas terras altas. Na região Sul, o vento soprará até 30km/h de sudoeste, sendo por vezes até 40 km/h nas terras altas, também de acordo com o mesmo comunicado com o Instituto de Meteorologia português.

Para esta quarta-feira, o IPMA colocou três distritos em alerta laranja (Porto, Braga e Viana do Castelo) e seis a amarelo (Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda, Vila Real e Bragança). Para quinta, os alertas são mais graves: há seis distritos em alerta laranja (Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Porto, Aveiro e Viseu) e três a amarelo (Coimbra, Guarda e Bragança).

Proteção Civil avisa população para risco de cheias, derrocadas e queda de árvores na quarta e quinta-feira

Segundo a Proteção Civil, há risco acrescido nas áreas recentemente atingidas pelos incêndios. A redução da cobertura vegetal diminuiu a permeabilidade dos solos, levando a uma menor retenção de água. Isso aumenta a probabilidade de cheias rápidas, deslizamentos de terras e outros fenómenos de instabilidade do terreno, especialmente em zonas montanhosas e encostas.

Os rios atmosféricos são um mecanismo de transporte de vapor água na atmosfera, vinda de zonas tropicais, do outro lado do Atlântico, neste caso concreto das Caraíbas. Trata-se de um fenómeno raro, visto estar em causa um massa de vapor de água considerável, cujo rasto na horizontal terá cerca de 5 mil quilómetros. Foi impulsionado pela tal depressão que se situou a norte do Atlântico, o anticlone abaixo dos Açores, mas também pelo furacão que assola neste momento o golfo do México.

Estão, por isso, previstos valores recordes de chuva potencial, devido à humidade transportada, e que podem ser históricos para um mês de setembro, devido à tal combinação com a depressão Aitor (a primeira tempestade com nome deste ano, batizada pelo instituto de meteorologia de Espanha, o Aemet). Além da chuva persistente durante dois dias, e do vento, as temperaturas também descem alguns graus, sobretudo à noite.

Depois de sexta-feira, as temperaturas voltam a subir gradualmente a partir de sábado, com o regresso do tempo anticiclónico.