A Liga Europa é uma espécie de mal menor para o Fenerbahçe. Afinal, a desilusão do início da temporada, com a eliminação na terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões contra o Lille, já não pode ser esquecida — mas ainda pode ser transformada em algo bonito. E essa caminhada começava esta quinta-feira, em Istambul, com os belgas do St. Gilloise.

O timing, porém, não era o melhor. A equipa de José Mourinho recebia o St. Gilloise pouco depois de perder o dérbi da cidade turca para o Galatasaray, ficando desde já a cinco pontos da liderança do Campeonato e confirmando as dificuldades internas que se antecipavam no início da temporada. Ainda assim, de forma natural, o Fenerbahçe procurava dar desde já uma resposta e começar a Liga Europa da melhor maneira.

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Na antevisão, para além da estreia na competição europeia, o treinador português foi essencialmente questionado sobre a multa de que foi alvo precisamente depois do jogo contra o Galatasaray — por não ter marcado presença na conferência de imprensa de rescaldo. E defendeu-se. “Em primeiro lugar, devo dizer que, nos meus 24 anos de carreira futebolística, nunca fugi de uma conferência de imprensa. Especialmente depois de uma derrota. Nunca fugi. Nunca tive medo dos jornalistas, das perguntas que podem fazer, das conferências de imprensa. Como o jogo já tinha terminado, assim que o jogo terminou, dei os parabéns ao treinador adversário e fui diretamente para a flash interview. Depois disso tive de esperar 70 minutos pela conferência de imprensa”, atirou, considerando o tempo de espera “uma falta de respeito”.

Neste contexto, esta quinta-feira, José Mourinho lançava En-Nesyri enquanto referência ofensiva, apoiado por Kahveci e Cengiz Ünder, com Amrabat e Fred a surgirem no meio-campo e Dzeko, Tadic e Tosun a começarem todos no banco. Do outro lado, num St. Gilloise que ainda só ganhou dois jogos em oito jornadas na Bélgica, Sébastien Pocognoli tinha Kévin Rodriguez na frente de ataque, com Niang e Ivanovic mais abertos nas alas e Charles Vanhoutte a ser o dono do setor intermédio.

O St. Gilloise começou melhor, encostando o Fenerbahçe e construindo várias oportunidades de golo que só não abriram desde logo o marcador porque o guarda-redes Livakovic estava numa noite inspirada e teve múltiplas intervenções decisivas. Os turcos conseguiram soltar-se do sufoco a partir do quarto de hora inicial, discutindo o jogo de outra maneira e conquistando alguma posse de bola, e acabaram mesmo por chegar ao golo ainda antes da meia-hora.

Canto cobrado curto na esquerda, cruzamento para o segundo poste e assistência perfeita de Rodrigo Becão, que cabeceou para Söyüncü atirar para dentro da baliza (28′), num golo construído pela dupla de centrais. O Fenerbahçe marcou no primeiro remate enquadrado que alcançou e foi mesmo a ganhar para o intervalo, sem que o St. Gilloise tenha conseguido voltar a implementar a pressão inicial enquanto reação ao golo sofrido.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a primeira oportunidade da segunda parte pertenceu ao Fenerbahçe, com En-Nesyri a rematar ao lado no coração da área (48′). Os turcos tinham mais bola e não permitiam grande reação por parte do St. Gilloise, que ia arriscando cada vez mais à medida que o relógio ia avançando e não conseguiam compensar as transições. Ou seja, mesmo a ganhar e sem acelerar muito, a equipa de José Mourinho tinha as situações mais perigosas, com Kahveci (50′) e En-Nesyri a ficarem ambos perto do golo (54′).

Christian Burgess ameaçou o empate com um cabeceamento na área (59′) e Sébastien Pocognoli reagiu com a primeira substituição, trocando Kevin Rodríguez por Anan Khalaili. José Mourinho respondeu com uma dupla alteração, lançando Tadic e Osayi-Samuel, e o jogo sofreu um abanão já dentro dos últimos 20 minutos: Kevin Mac Allister derrubou En-Nesyri quando o avançado seguia isolado para a baliza e viu cartão vermelho direto, deixando o St. Gilloise em inferioridade numérica.

O Fenerbahçe aumentou a vantagem nos derradeiros minutos, com Christian Burgess a fazer autogolo depois de uma defesa de Anthony Moris a remate de Osayi-Samuel (82′), mas tudo poderia ter sido diferente nos descontos. Osayi-Samuel cometeu grande penalidade e viu o segundo cartão amarelo em três minutos, sendo também expulso, mas Ivanovic permitiu a defesa de Livakovic na conversão (90+2′).

Logo depois, de forma muito irónica, Ross Sykes marcou mesmo (90+3′) e reduziu a desvantagem dos belgas. No fim, porém, o Fenerbahçe de José Mourinho venceu o St. Gilloise e entrou a ganhar na Liga Europa.