Dois pontos e uma derrota do Barcelona como motivação. Atl. Madrid e Real Madrid encontravam-se este domingo no Wanda Metropolitano e podiam aproximar-se da liderança dos catalães, que perderam com o Osasuna, ou anular-se mutuamente e dar uma escorregadela de borla à equipa de Hansi Flick. Pelo meio, porém, existia muito mais.

Desde logo, uma rivalidade histórica que se tem tornado pouco saudável nos últimos anos — e que tem um verdadeiro protagonista da polémica. Nas últimas temporadas, Vinícius Júnior tornou-se o alvo da ira dos adeptos do Atl. Madrid, numa relação com um historial de insultos racistas, manifestações infelizes e até detenções. E tudo se tornou ainda mais sério nos últimos dias, quando ficou claro que o avançado brasileiro será o próximo a erguer a Bola de Ouro.

Ora, na antecâmara do dérbi, os elementos das claques do Atl. Madrid promoveram a hashtag #MetropolitanoConMascarilla, encorajando os adeptos a surgirem nas bancadas com máscaras para poderem insultar Vinícius sem serem identificados pelas imagens das transmissões televisivas ou das câmaras de vigilância do estádio. E a movimentação foi clara, com a bancada que recebe as claques colchoneras a surgir repleta de pessoas com máscaras ou balaclavas.

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No meio de tudo isto, porém, existia um jogo de futebol. Carlo Ancelotti não podia contar com Mbappé, que está lesionado, e lançava Vinícius e Rodrygo no ataque com Tchouaméni e Modric no miolo e Jude Bellingham e Fede Valverde mais abertos nos corredores. Do outro lado, Diego Simeone tinha Griezmann e Sørloth como elementos mais adiantados, sendo que Conor Gallagher e Marcos Llorente dominavam o meio-campo e Julián Álvarez e Rodrigo de Paul controlavam as alas.

Numa primeira parte sem golos, Julián Álvarez teve uma boa oportunidade para marcar logo nos instantes iniciais, com um remate forte que Courtois defendeu (9′). O Real Madrid respondeu por intermédio de Valverde, que obrigou Oblak a uma boa intervenção com um pontapé de fora de área (17′), e o jogo manteve-se muito equilibrado até ao intervalo. Simeone mexeu logo no início da segunda parte, trocando Molina por Koke, e os 45 minutos seguintes teriam tudo para contar. 

O treinador argentino fez mais uma substituição ainda antes da hora de jogo, lançando Samuel Lino, mas o Real Madrid acabou por abrir o marcador pouco depois. Modric lançou Vinícius na esquerda, o brasileiro cruzou para o poste mais distante e Éder Militão, esquecido por todos, atirou em força para bater Oblak e colocar os merengues a ganhar (64′). E lançou-se o caos.

Atrás da baliza de Courtois, guarda-redes que também representou o Atl. Madrid, os adeptos colchoneros começaram a atirar vários objetos em direção ao belga e o árbitro optou por interromper o jogo e enviar toda a gente para os balneários depois de entender que a reação ao golo sofrido não iria parar. Koke foi falar com Courtois e com os adeptos, assim como Diego Simeone, e capitão e treinador pediram calma e cabeça às claques. O jogo esteve interrompido durante mais de 20 minutos, até que ambas as equipas regressaram ao relvado para cumprir a reta final do dérbi.

O treinador argentino mexeu no recomeço, trocando Gallagher por Correa e depois Álvarez por Rodrigo Riquelme e Reinildo por Javi Galán enquanto que Carlo Ancelotti mantinha as opções iniciais. O Atl. Madrid viveu o momento mais positivo e pressionante depois do regresso da partida, com Correa a atirar ao lado (78′) e Samuel Lino a obrigar Courtois a uma grande defesa (82′). O técnico merengue ainda lançou Lucas Vázquez, Endrick e Fran García e Correa tornou-se decisivo nos descontos, empatando depois de fintar Courtois após ser lançado na profundidade (90+5′).

No fim, num dérbi verdadeiramente escondido atrás das máscaras e onde Marcos Llorente ainda foi expulso com cartão vermelho direto depois de uma entrada sobre Fran García, Atl. Madrid e Real Madrid empataram no Wanda Metropolitano e não aproveitaram a escorregadela do Barcelona, que continua a ter mais três pontos do que os merengues.