A ministra dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Diana Mondino, prometeu que o país irá recuperar as ilhas Malvinas depois de o Reino Unido ter aceitado transferir a soberania do arquipélago de Chagos para as Maurícias.

“A longa disputa entre a Grã-Bretanha e as Maurícias chegou hoje [quinta-feira] ao fim (…). Comemoramos este passo na direção certa e pondo fim a práticas obsoletas”, disse a ministra, na rede social X.

“Seguindo o caminho que iniciámos, com ações concretas e não com retórica vazia, recuperaremos a plena soberania das nossas ilhas Malvinas. As Malvinas foram, são e serão sempre argentinas”, acrescentou Mondino.

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Pouco antes, as autoridades britânicas das Malvinas reconheceram que pode haver preocupação no território depois do acordo com as Maurícias, mas notaram que “os contextos jurídicos e históricos” dos dois arquipélagos são diferentes.

Além disso, observaram que Londres “não aceitará nada que possa pôr em perigo a soberania de outros territórios ultramarinos”.

Em 24 de setembro, Mondino, e o homólogo britânico, David Lammy, decidiram retomar o diálogo sobre questões relacionadas com as Ilhas Malvinas, excluindo a soberania do arquipélago.

Os dois ministros concordaram em retomar as negociações para finalizar a terceira fase do projeto que, com a intervenção da Cruz Vermelha Internacional, procura identificar os corpos dos soldados argentinos mortos na guerra de 1982 entre os países, motivada pela disputa das Malvinas.

Mondino e Lammy também decidiram organizar, até ao final do ano, uma viagem às ilhas de familiares de argentinos mortos, para que possam visitar os túmulos dos soldados ali sepultados.

O acordo entre o Reino Unido e as Maurícias foi anunciado na quinta-feira, numa declaração conjunta entre os primeiros-ministros dos dois países, após dois anos de negociações.

O pacto político prevê que o Reino Unido e os Estados Unidos continuem a utilizar a base militar na ilha de Diego Garcia, no arquipélago de Chagos, durante um período inicial de 99 anos.

O tratado “resolverá os erros do passado” e expressará “o compromisso de apoiar o bem-estar dos chagossianos”, os cerca de dois mil habitantes indígena de Chagos que foram expulsos nas décadas de 1960-70 para as ilhas Maurícias e Seychelles, para permitir o estabelecimento da base militar.

Assim, “a Maurícia será agora livre de implementar um programa de reinstalação nas ilhas do arquipélago de Chagos, fora de Diego Garcia”, enquanto o Reino Unido fornecerá financiamento através de um fundo fiduciário.

“Cinquenta e seis anos após a nossa independência, a nossa descolonização está concluída (…). O hino nacional vai ressoar ainda mais alto em todos os nossos territórios”, celebrou o primeiro-ministro das Ilhas Maurícias, Pravind Kumar Jugnauth, numa mensagem à nação.