Deixou de ser uma ameaça e passou a ser um caso prático: a FIFPro, o sindicato internacional que representa os jogadores de futebol, e a European Leagues apresentaram uma queixa formal à Comissão Europeia contra a FIFA devido à sobrecarga competitiva do atual calendário.
Numa conferência de imprensa em Bruxelas, esta segunda-feira, os representantes da FIFPro consideraram ilegal a presente gestão de calendário da FIFA, defendendo que não existe qualquer diálogo entre o organismo que regula o futebol mundial e os parceiros sociais. “A FIFA utilizou o poder para promover os seus interesses comerciais em detrimento dos parceiros sociais. Neste contexto, a inclusão dos representantes dos sindicatos dos jogadores e das ligas no processo de decisão é essencial”, pode ler-se no comunicado que foi divulgado.
Today in Brussels, executives from #FIFPRO Europe, @EuropeanLeagues, and @LaLiga detailed their complaint against FIFA, highlighting how its dual role as both governing body and competition organiser creates a serious conflict of interest.https://t.co/Gl6FiH2Rao
— FIFPRO (@FIFPRO) October 14, 2024
No entender da FIFPro e dos restantes queixosos, a atual forma de agir da FIFA não cumpre os requisitos da Lei da Concorrência da União Europeia. “O calendário internacional saturado coloca em risco a segurança e o bem-estar dos jogadores, ameaçando a sustentabilidade económica e social de importantes competições. As regras e a conduta da FIFA permanecem muito aquém do que é exigido pela lei da União Europeia”, acrescenta o comunicado, que conta com o apoio dos líderes das big 5, já que a European Leagues agrega 39 membros, incluindo a Liga Portugal.
Richard Masters, CEO da Premier League, garantiu que o futebol está “a atingir um ponto crítico”, enquanto que o presidente da La Liga assegurou que a FIFA tem “margem de manobra reduzida”. “Os sindicatos e ligas estão claramente alinhados na proteção das competições nacionais e dos jogadores, cada vez mais expostos ao impacto negativo de um calendário congestionado. Ao introduzir novos formatos e ao expandir as competições unilateralmente, a FIFA age em prol do próprio interesse, sem considerar os danos”, indicou Javier Tebas.
“A FIFA recusa ouvir os jogadores, o principal ativo desta indústria. Levam os corpos ao limite. Recebemos as mesmas queixas em inúmeras visitas aos balneários. Os atletas estão a jogar em excesso e não têm tempo para recuperarem. Muitos decidiram falar e todos com a mesma mensagem: chega”, acrescentou David Terrier, antigo jogador francês que é o atual presidente da FIFPro.
De recordar que o assunto da sobrecarga do calendário tem sido um tema em cima da mesa desde o início da temporada, principalmente devido aos novos formatos da Liga dos Campeões e da Liga Europa e ao aumento de jogos na Liga das Nações e no Mundial de Clubes. Alisson, guarda-redes brasileiro do Liverpool, foi um dos primeiros a abordar o assunto, com Rodri e Koundé a juntarem-se dias depois, abrindo até a porta à possibilidade de uma greve.