É uma espécie de maldição que continua por quebrar. Com o empate desta terça-feira em Glasgow, Portugal continua sem ganhar qualquer jogo oficial na Escócia, contando agora com duas derrotas e três empates, já que as duas vitórias alcançadas em território escocês aconteceram apenas em encontros particulares.

Em terra de Braveheart é mesmo preciso ter um coração bravo (a crónica do Escócia-Portugal)

Com o nulo registado na fase de grupos da Liga das Nações, Portugal soma agora três empates consecutivos sem golos na Escócia, depois dos de 1980 (qualificação para o Mundial 1982) e 1992 (qualificação para o Mundial 1994). Antes, em 1971 e também em 1980, a Seleção Nacional perdeu em casa dos escoceses na qualificação para o Euro 1972 e para o Euro 1980, respetivamente. Certo é que, em três dos últimos seis jogos, Portugal não foi além de um nulo nos 90 minutos, sendo que não marcou em quatro dos últimos sete encontros.

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O empate desta terça-feira significa que Portugal adiou o apuramento para os quartos de final da Liga das Nações e falhou desde já o pleno de vitórias na fase de grupos, mantendo a liderança do Grupo 1 da Liga A depois do empate da Polónia com a Áustria. Com esta conjugação de resultados, a Seleção só precisa de um ponto nas últimas duas jornadas, no Dragão contra a Polónia e em Split contra a Croácia.

Depois do jogo, na zona de entrevistas rápidas, Roberto Martínez começou por defender as próprias escolhas para o onze inicial. “O adversário também joga e depois dos 60 minutos ficou num bloco baixo e deu a bola. O importante foi mostrar que tivemos energia para defender, porque neste tipo de jogos, por vezes, achas que estás no controlo do jogo, sofres um contra-ataque e perdes o jogo. Faltou-nos o último passe, a magia… É preciso também dar mérito à Escócia. Chegámos, tentámos, faltou o golo, mas o desempenho foi positivo e acrescenta o que podemos ainda conseguir porque agora temos mais jogadores. Há mais competitividade por posições. Foi um estágio positivo com uma vitória e um empate”, explicou.

“Acho que nós perdemos um jogo, contra a Geórgia, éramos primeiros no grupo no Europeu e podíamos perder. Não há muitas seleções que possam dizer isso. Ganhar dez vitórias na fase de qualificação e ter agora três vitórias e um empate… não concordo com a ideia de que não somos consistentes. A exigência é máxima, mesmo no balneário. Queríamos a vitória hoje. Era um jogo perigoso, o segundo consecutivo fora de casa contra uma equipa bem sincronizada. A Escócia jogou muito bem nos últimos três jogos e hoje voltou a demonstrá-lo”, acrescentou o selecionador nacional.

Mais à frente, afastou a tese de que Portugal não tem um “plano B”. “O nosso talento, dos nossos jogadores, é o plano A, B, C, D, E… Temos jogadores por dentro, por fora, estamos a falar de uma equipa que não correu riscos, que defendeu muito bem. Estamos a falar de outra equipa que chegou 53 vezes ao último terço. Há que dar mérito à Escócia e, para nós, o facto de termos conseguido manter a baliza a zeros. A Seleção tem sempre a porta aberta, mas agora estamos a falar de um grupo de jogadores muito muito grande. É uma questão de continuarmos a dar uma ligação e sincronização naquilo que podemos fazer”, concluiu.

Já Bernardo, que só entrou na segunda parte, sublinhou a ideia de que a segunda parte de Portugal foi melhor do que a primeira. “Durante 60 minutos, mais ou menos, e mesmo depois, lá dentro, apesar de termos tentado… E termos, com alguma frustração e pouca cabeça, ido à procura do golo. Acho que faltaram bastantes coisas à Seleção hoje. Não atacámos nos momentos certos, não metemos intensidade na bola quando devíamos ter posto, não os atraímos quando devíamos ter atraído, para encontrar as costas deles”, começou por dizer o jogador, desvalorizando o facto de o apuramento estar bem encaminhado.

“Acho que isso não tem nada a ver. Portugal, amigável ou não amigável, com três pontos, nove ou 12, tem a responsabilidade e tem a ambição de ganhar sempre. Nós assumimos essa pressão de jogar sempre da mesma forma e de entrar sempre para ganhar, isso não é desculpa”, acrescentou, apesar de terminar com uma ideia de tranquilidade. “Sabíamos que com o empate sairíamos na mesmo no primeiro lugar do grupo e continuamos numa posição privilegiada para conseguir o apuramento em 1.º, que é o que queremos. Mas claro que saímos com alguma frustração daqui hoje à noite”, terminou.