Está finalizada a contagem de votos na Moldávia. Os moldavos deram um “sim” tímido este domingo, em referendo, à adesão à União Europeia (UE). Segundo os dados da Comissão Eleitoral da Moldávia, atualizados na tarde desta segunda-feira, 50,46% estão a favor de uma alteração na Constituição que possibilite a adesão ao bloco dos 27.

Nos últimos resultados, conhecidos ainda na noite de domingo, quando estavam contados cerca de 93% votos, 53% dos moldavos mostravam-se contra a entrada no bloco comunitário, ao passo que 47% estavam a favor. Porém, os resultados foram contestados pela Presidente da Moldávia, a pró-Ocidente Maia Sandu.

Na tarde desta segunda-feira, Sandu recorreu ao X para declarar a vitória do “sim” e garantir que “o futuro na UE estará ancorado na constituição“. “O povo da Moldávia pronunciou-se. Lutámos de forma justa numa luta injusta — e ganhámos. Mas a luta ainda não acabou. Vamos continuar a lutar pela paz, prosperidade e a liberdade de construir o nosso próprio futuro”, pode ler-se ainda na mensagem publicada pela chefe de Estado.

Em reação a esta mensagem, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já deu os parabéns a Maia Sandu pela vitória na primeira volta das eleições “na cara da Rússia e das suas táticas”. “A Moldávia mostrou que é independente, que é forte e que quer um futuro na Europa“, acrescentou.

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Numa conferência de imprensa em reação aos resultados, Maia Sandu já tinha denunciado que existiu “fraude eleitoral” durante a realização do referendo. A chefe de Estado disse que houve “grupos criminais que trabalharam em conjunto com forças estrangeiras” e que gastaram “milhões de euros” em “mentiras e propaganda”, mantendo a Moldávia numa situação de “incerteza e instabilidade”.

“Existiu uma fraude numa escala sem precedentes”, vincou Maia Sandu, acrescentando que a sua equipa “está à espera dos resultados finais” e vai “responder com decisões firmes”. A Chefe de Estado sublinhou que “um grupo criminoso comprou 300 mil votos”.

A pergunta no referendo moldavo era a seguinte: “Apoia a alteração da Constituição a fim de aderir a República da Moldávia à União Europeia?” Com estes resultados tímidos, a Moldávia parece distanciar-se do caminho do Ocidente, que começara a percorrer nos últimos tempos.

Pertencente à União Soviética até 1991, o governo moldavo tem enfrentado dificuldades nas relações diplomáticas com a Rússia, em parte devido à Transnístria, uma região no país pró-russa e que é bastante próxima do Kremlin. Naquela região, o ‘não’ venceu com 63%. Já antes do referendo e das denúncias da Presidente, havia suspeitas de que a Rússia tinha em marcha uma campanha de desinformação com o objetivo de alterar os resultados.

Maia Sandu vence eleições com 42,45%, mas enfrentará candidato pró-russo na segunda volta

Além do referendo, os moldavos foram às urnas para votar na primeira volta das eleições presidenciais na Moldávia. Com poucos votos por apurar, a Presidente moldava, a pró-ocidente Maia Sandu, fica em primeiro lugar e obtém 42,45%. Segue-se o antigo procurador-geral e figura ligada à Rússia, Alexandr Stoianoglo, que angaria 25,98%. Em terceiro está Renato Usatoi, ex-autarca de Balti e pró-russo, com 13,79%.

Como era necessário que um candidato obtivesse mais de 50% dos votos, haverá uma segunda volta, marcada para 3 de novembro. O frente-a-frente será entre Maia Sandu e Alexandr Stoianoglo. Porém, a segunda ronda não se afigura fácil para a atual Presidente, tendo em conta os alegados resultados no referendo — e o possível apoio do terceiro classificado ao antigo procurador-geral.

Estes resultados podem representar um revés para a chefe de Estado cessante, Maia Sandu. De pouco adiantou o governo moldavo, que iniciou as negociações de adesão à União Europeia em dezembro de 2023, ter recebido um grande impulso de Bruxelas na véspera da votação, com um pacote de assistência de 1.800 milhões de euros para os próximos três anos.

A Moldávia, um dos países mais pobres da Europa, esperava aderir até 2030 à União Europeia, para onde já exporta 65% dos seus produtos e de onde recebe mais de 80% do investimento direto.

As atuais autoridades, a favor da adesão, parecem ter sido prejudicadas pelo facto de a consulta popular coincidir com as eleições presidenciais, após quatro anos de queda do nível de vida devido à Covid-19, ao conflito na vizinha Ucrânia e à guerra energética com a Rússia.

(Atualizado às 17h14 com dados mais recentes do referendo)