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Evelyn Kahn: fotografia em diálogo

Em Lisboa, uma exposição que revela o desafiante jogo direto de aproximações e contrastes. Uma mostra que surge oito anos depois da última que a artista apresentou.

O abstracionismo cromático de materiais oxidados ou corroídos, ou sugerido por linhas de água em movimento, também está entre os temas fortes de Evelyn Kahn, que assim aproxima fotografia e pintura
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O abstracionismo cromático de materiais oxidados ou corroídos, ou sugerido por linhas de água em movimento, também está entre os temas fortes de Evelyn Kahn, que assim aproxima fotografia e pintura

Evelyn Kahn

O abstracionismo cromático de materiais oxidados ou corroídos, ou sugerido por linhas de água em movimento, também está entre os temas fortes de Evelyn Kahn, que assim aproxima fotografia e pintura

Evelyn Kahn

Na galeria do Museu Medeiros e Almeida, as fotografias de Evelyn Kahn — uma terceira individual, oito anos depois da última exposição — são uma boa surpresa. Com a curadoria de Rita Lougares, atual diretora artística do Museu de Arte Moderna e Contemporânea/CCB, quarenta e uma imagens são expostas em duetos, propondo um desafiante jogo direto de aproximações e contrastes sublinhado pelo título da mostra.

Vemos aqui algumas variantes de fotografias de erosões metálicas que levou em 2013 à Giefarte, de Maria da Graça Carmona e Costa, e de ondulantes superfícies aquáticas expostas na Pequena Galeria três anos depois — umas e outras agora confrontadas com imagens de novas campanhas fotográficas, com colheita concentrada sobretudo em 2020-24.

Neste dispositivo expositivo, os visitantes são levados a jogo, envolvidos, como aliás se reconhecerá pela fotografia escolhida para cartaz de Improvável: mulher num museu observando um díptico religioso. Evelyn Kahn fotografa em viagem, de modo que a suposta improbabilidade destas parelhas convoca geografias as mais variadas, da indiana Deogarh a Londres, do Algarve ao Sri Lanka, de Luang Prabang, no Laos, ao Gerês, da Comporta e do Cais Palafítico de Carrasqueira a Marrakech ou Antuérpia, de Lisboa à Cidade do México…

Evelyn Kahn

A qualidade das impressões pigmentadas a cargo de Nuno Soares, da Fineprint, nos formatos 70 x 105 ou 120 x 80 cm quase sempre — vejam-se em especial Madrid, 2011 / Alentejo, 2012; e Madrid, 2020 / Algarve, 2023 —, traz à exposição uma excelência incomum, que a preferência pela M2 Artes Gráficas para a impressão do catálogo reforça por seu lado. Estamos numa exibição a que não foram poupados cuidados de primeira linha, algo a que não pode ser alheio o zelo profissional da decoradora de interiores que Evelyn Kahn também é, ou foi.

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A atenção a texturas, pregas, reflexos ou sobreposições cromáticas é também por demais evidente nos seus trabalhos fotográficos, mesmo que os motivos pareçam muito pobres, como o amontoado de velhos panos encardidos em Cascais, o tronco queimado dum pinheiro manso na Comporta, velhas cascas de tronco de palmeira ou o que parece ser a porta dum armazém em Hanoi.

O abstracionismo cromático de materiais oxidados ou corroídos, ou sugerido por linhas de água em movimento, também está entre os temas fortes de Evelyn Kahn, que assim aproxima fotografia e pintura, mas a atenção ao humano não deixa de estar presente, em especial em retratos da sua viagem à Índia em 2007 e à Birmânia em 2002 — logo depois do seu curso de fotografia no Ar.Co, em 1998-2001, que, trinta anos depois de se ter pós-graduado em design de interiores pela londrina Inchbald School of Design, “transformou a sua paixão num verdadeiro projeto de vida” (da nota biográfica).

Neste contexto, vale a pena destacar a alta qualidade do curso da escola portuguesa, que também formou, entre outros, Benédicte Blondeau (1986-), cujo soberbo foto-livro Ondes aqui comentaremos proximamente.

Sem qualquer dúvida, uma exposição que merece ser vista — e que criará o ensejo de ir acompanhando, depois, o instagram de Evelyn Kahn.

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