A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) alertou esta quarta-feira para a falta de condições de trabalho, defendendo que a recente morte do morador do Bairro do Zambujal poderia ter sido evitada se já tivessem as prometidas armas elétricas ‘taser’.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a ASPP/PSP começa por lamentar a morte do morador de 43 anos do Bairro do Zambujal, na Amadora (distrito de Lisboa), que na madrugada de segunda-feira foi baleado por um agente da PSP.
Para a associação, esta morte poderia ter sido evitada, caso os agentes do carro patrulha já tivessem a arma de eletrochoque não letal que permite imobilizar temporariamente o agressor, conhecida como ‘taser’.
Além da “inexistência de uma arma elétrica”, a tripulação do carro-patrulha também não tem ‘bodycams’, uma pequena câmara de filmar que já está prometida às forças de segurança há vários anos.
A promessa dos ‘taser’ e das ‘bodycams’ é antiga: O anterior Governo tinha prometido adquirir de forma faseada cerca de 10.000 ‘bodycams’ até 2026, tendo lançado um concurso público em abril de 2023.
O concurso foi impugnado duas vezes e, em maio deste ano, continuava por concluir, tendo o atual Governo decidido rever a quantidade de câmaras a adquirir.
Só depois de concluído o concurso de compra da plataforma é que se seguirá a fase de aquisição das ‘bodycams’ para equipar os elementos da PSP e GNR.
Se os agentes já tivessem as câmaras de filmar “terminaria definitivamente a especulação generalizada que se verifica acerca do que ocorreu”, salienta a ASPP.
A falta de condições de formação e equipamento para exercer a missão policial acarreta “possíveis riscos para todos os intervenientes”, alerta a associação.
Os representantes da policia apelam a uma reflexão sobre a importância das condições em que os polícias trabalham, “nomeadamente em termos de formação e equipamento, e as respetivas consequências da ausência das mesmas”.
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Odair Moniz, 43 anos, cidadão cabo-verdiano, foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, tendo morrido pouco tempo depois no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.
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