Internamente e em conversas com os seus engenheiros, todos os CEO das diferentes marcas analisam os veículos da concorrência, com o objectivo de determinar os seus trunfos bem como os seus defeitos. Mais do que isso, comparam as características dos modelos rivais com os fabricados pela empresa que dirigem. O que raramente fazem é admitir que os produtos da concorrência são melhores do que os seus, evitando caracterizá-los como excelentes, fantásticos ou incríveis, terminologia que indicia serem mais avançados do que os que fabricam. Ora o CEO da Ford, Jim Farley, fez tudo isso e ainda mais.

Numa conversa com Robert Llewellyn, no podcast Fully Charged, Farley surpreendeu logo a abrir com o carro que conduzia há cerca de seis meses. Se os ouvintes do podcast esperavam que o CEO apontasse um dos muitos modelos da Ford, que é o segundo construtor que mais vende nos EUA, depois da General Motors, acabaram por ser surpreendidos, uma vez que Farley confessou “conduzir um Xiaomi SU7”, uma berlina eléctrica que é igualmente o primeiro automóvel concebido por este conhecido fabricante de telemóveis.

Xiaomi SU7 avariou após 39 km e nunca mais andou

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Se os ouvintes de Llewellyn ainda não estavam refeitos da primeira surpresa, o CEO da Ford avançou rapidamente para a segunda, ao explicar que embora o SU7 não esteja à venda nos EUA, a Ford transportou uma unidade da China para Chicago para ser avaliado. Mas o que certamente mais surpreendeu o apresentador do Fully Charged foi a admissão por parte de Farley que, apesar de conduzir o Xiaomi há seis meses, “não tem a intenção de devolver o SU7”.

Ford admite que os chineses estão à frente (deles)

Após partilhar estas duas informações, que fazem maravilhas à imagem do rival chinês Xiaomi, mas não à da Ford, o CEO guardava mais uma surpresa na manga, que não hesitou em divulgar. Durante a entrevista a Llewellyn, Farley caracterizou o SU7 como “fantástico”, recordando que a Xiaomi vende 10.000 a 20.000 unidades por mês, um volume que equivale a cerca de 10% dos modelos eléctricos que comercializa mensalmente a Tesla ou a BYD.

Esta não é a primeira “paixão” de Jim Farley por um construtor chinês. De acordo com o Wall Street Journal, este ano o CEO da Ford teve a oportunidade de conduzir um Changan EV numa das suas visitas à China, o que lhe permitiu ficar espantado e concluir que “estes tipos estão muito à [nossa] frente”.