Quando a ida de João Neves para o PSG ficou confirmada, no passado verão, depressa se ouviram as vozes mais pessimistas. O médio português era demasiado novo, demasiado inexperiente, demasiado verde. Não ia ter tempo de jogo, ia para uma equipa cheia de soluções, não podia estar à espera de ser muito utilizado. No fim de outubro, nenhuma das ideias é verdadeira.

João Neves não demorou muito a entrar no onze de Luis Enrique, agarrando o lugar até de forma mais definitiva do que Vitinha, e tem sido dos elementos com maior regularidade e mais utilização no PSG. O médio português chegava à jornada deste fim de semana com seis assistências em 11 jogos, entre Ligue 1 e Liga dos Campeões, e até as estatísticas ajudavam a explicar a importância que já tem nos franceses.

De acordo com os dados do Observatório do Futebol, João Neves é o jogador que mais oportunidades criou na atual temporada dentro das cinco principais ligas europeias e de outras 60 a nível mundial. O internacional português tem um valor de 99.4, superando nomes como Cole Palmer, Lamine Yamal, Kvaratskhelia ou Rafael Leão — e até Lionel Messi, cujos 98.2 são a melhor marca fora da Europa. Números que, obviamente, só potenciam as recentes declarações de Luis Enrique sobre o jogador.

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“O que espero dele é a mesma coisa que espero de todos os jogadores do meio-campo. Ele adapta-se perfeitamente à minha ideia de jogo. Tem uma característica vital para nós, que é o facto de não perder a bola. Tem visão de jogo, pujança física, inteligência, relaciona-se com os companheiros de equipa. Adaptou-se muito rapidamente”, vincou o treinador espanhol, que não deixou de lembrar que João Neves é um dos finalistas do prémio Golden Boy, que elege o melhor jogador Sub-21 do mundo.

Ora, era neste contexto e depois do empate contra o PSV a meio da semana, na Liga dos Campeões, que o PSG visitava o Marselha — naquele que, como se sabe, é o jogo mais importante do futebol francês. Os parisienses tinham a oportunidade de assumir a liderança isolada da Ligue 1, já que o Mónaco já tinha perdido com o Nice neste jornada, enquanto que o adversário podia igualar precisamente PSG e Mónaco no topo da classificação. Nuno Mendes, João Neves e Vitinha eram todos titulares na equipa de Luis Enrique, enquanto que Roberto De Zerbi tinha Elye Wahi como referência ofensiva, apoiado por Greenwood, Amine Harit e Luis Henrique.

O jogo agitou ainda dentro dos dez minutos iniciais. Barcola lançou Nuno Mendes na esquerda, o lateral cruzou rasteiro para um desvio de Gerónimo Rulli e João Neves, na recarga, atirou certeiro para abrir o marcador e estrear-se a marcar pelo PSG (7′). A vida do Marselha ficou ainda mais difícil antes da meia-hora: na sequência de uma entrada muito dura sobre Marquinhos, Amine Harit viu o cartão vermelho direto e deixou a equipa de De Zerbi em inferioridade numérica numa fase ainda muito embrionária da partida.

A partir daí, o jogo assumiu ainda mais o caráter de sentido único. O PSG aumentou a vantagem à passagem da meia-hora, com Belardi a fazer um autogolo inexplicável (29′), e Barcola ainda chegou ao terceiro golo durante a primeira parte depois de uma assistência de Dembélé (40′). De Zerbi mexeu logo ao intervalo, lançando Jonathan Rowe e Ismaël Koné, e Luis Enrique mostrou desde logo que ia começar a gerir esforços quando trocou Nuno Mendes por Lucas Beraldo nos primeiros minutos do segundo tempo.

Até ao fim, porém, já pouco ou nada mudou à exceção das várias substituições do treinador espanhol. O PSG venceu o Marselha de forma clara no Vélodrome, voltando às vitórias depois do empate na Liga dos Campeões, e conquistou uma vantagem de três pontos face ao Mónaco na liderança da Ligue 1.