A exposição “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário” que visa realçar o racionalismo africano e a sua riqueza, face aos preconceitos e mitos difundidos pelas potências coloniais, é inaugurada esta terça-feira no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.
“O que se pretende nesta exposição é desmontar, desconstruir um conjunto de conceitos, de marcadores, de mitos que se criaram sobre os negros, os africanos e África”, disse à agência Lusa, na semana passada, a historiadora Isabel Castro Henriques, que coordenou a mostra, patente até novembro do próximo ano.
Uma desconstrução “tem de se fazer através do conhecimento histórico”, argumentou.
A mostra visa destacar “a racionalidade africana face à ideia preconcebida de uma selvajaria africana”, uma das bases do colonialismo e justificação para tratar “os africanos como primitivos”, na atitude dominante das potências coloniais.
A exposição compreende painéis com texto que demonstram “o que foi, de facto, o colonialismo, o facto colonial, a situação colonial”, afirmou Isabel Castro Henriques.
Paralelamente, é apresentada uma outra vertente que mostra as produções africanas, a arte africana, “porque essas produções estão marcadas pela criatividade, pela inovação, pela racionalidade africana”, explicou Castro Henriques.
De acordo com informação do museu, a exposição inclui uma seleção de 139 obras, provenientes das coleções do Museu Nacional de Etnologia, incluindo peças em depósito da Fundação Calouste Gulbenkian e do colecionador Francisco Capelo, assim como “obras de arte africana contemporânea dos artistas Lívio de Morais, Hilaire Balu Kuyangiko e Mónica de Miranda”.
Esses “objetos têm todo um conjunto de funções sociais, culturais, religiosas e políticas, no espaço social africano, e dizem o que é África, mostram o que é África”.
“África não é um espaço de selvagens, não sabendo fazer nada, não tendo criatividade nenhuma, não tendo racionalidade, não é. A África é um espaço de organizações políticas, de civilizações, de organizações históricas”, declarou a investigadora, autora de “A Descolonização da História” (2020).
“A arte traduz isso”, asseverou Castro Henriques, referindo que “a arte africana foi muito querida e influenciou muito a arte europeia, moderna e contemporânea”.
A inauguração da mostra, esta terça-feira às 18h30, tem prevista a presença da secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, entre outras personalidades.