O Vente Venezuela, da líder da oposição María Corina Machado, acusou as forças de segurança de deterem dois membros do partido, Miguel Grenados e Marcos Castillo.

“Miguel Granados foi detido durante o último fim de semana, em Caracas. Foi levado de um restaurante por funcionários do regime. Desconhece-se o seu paradeiro. Isto evidencia uma nova onda repressiva do regime que tem aumentado de maneira significativa nas últimas horas”, denunciou a Comissão de Direitos Humanos do partido.

Na rede social X, o Vente Venezuela alegou ainda que “o regime sequestrou Marcos Castillo, advogado e membro do Comando Com a Venezuela” em Apure, no sudoeste do país.

“Funcionários da Polícia Nacional Bolivariana retiraram-no à força dos tribunais de Apure, onde a perseguição política e a criminalização aumentaram nos últimos dias. O seu paradeiro é desconhecido. Alertamos a comunidade internacional para esta situação e responsabilizamos o regime por qualquer coisa que lhe possa acontecer”, denunciou o partido.

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Stephanie Labrador, filha do deputado Eduardo Labrador, do Vente Venezuela, instou quarta-feira, as autoridades venezuelanas a divulgarem informações sobre o paradeiro do pai, detido arbitrariamente há 12 dias pela polícia de Zúlia, no oeste do país, junto à fronteira com a Colômbia.

O Colégio Nacional de Jornalistas (CNP, a entidade responsável pela atribuição do cartão profissional) venezuelano expressou, quarta-feira, profunda preocupação pela desaparição do jornalista Nelin Escalante, desde há mais de 96 horas.

Segundo o CNP, Escalante reuniu-se domingo com responsáveis dos serviços de informações militares num centro comercial de Caracas e depois foi com eles à sede do organismo para uma outra reunião.

“Desde então, não houve qualquer comunicação com o jornalista”, explicou o CNP, na rede social X.

Edgar Cárdenas, presidente do CNP, disse que estão detidos na Venezuela 15 jornalistas e trabalhadores da imprensa, 12 deles por fazer o seu trabalho e os outros três por manterem uma posição crítica do regime venezuelano.

Segundo a organização não-governamental venezuelana Foro Penal (FP), até 25 de outubro, 1.953 pessoas estavam detidas por motivos políticos na Venezuela, o maior número registado no século XXI.

De acordo com a FP, entre os detidos, 1.711 são homens e 242 mulheres e 1.792 são civis e 161 militares, incluindo 69 adolescentes.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo nas ruas milhares de polícias e militares para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.