A concelhia do PSD do Porto exigiu esta quarta-feira à Metro do Porto uma resposta “concreta, objetiva e imediata” sobre o metrobus, depois de a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto emitir um parecer desfavorável à utilização de autocarros no canal.

Em comunicado, a estrutura liderada pelo social-democrata Alberto Machado começa por considerar que o projeto de metrobus se transformou numa sucessão de desilusões e responsabiliza a Metro do Porto, considerando que esta “tem falhado de forma flagrante em cumprir com os compromissos assumidos para com a cidade e os portuenses”.

“Entre a empreitada e os veículos, mais de 100 milhões de euros foram investidos neste projeto que, até agora, trouxe apenas mais congestionamento e frustração”, lê-se na nota.

Este comunicado surge depois de a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) concluir que a operação da Linha 203 no canal do metrobus é “insegura, ineficiente e comercialmente desvantajosa”, e que as atuais condições comprometem o serviço e segurança dos passageiros.

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“Em função dos resultados e das análises técnicas realizadas, o nosso parecer é desfavorável à utilização do canal BRT [‘Bus Rapid Transit’]”, lê-se no parecer enviado ao grupo de trabalho da Assembleia Municipal e a que a Lusa teve acesso.

O relatório analisa os testes realizados a 29 de outubro no canal do metrobus com dois autocarros ‘standard’ elétricos da STCP, que fizeram o percurso Praça do Império/Rotunda da Boavista e Rotunda da Boavista/Praça do Império (parcialmente coincidentes com o trajeto da Linha 203).

“O PSD/Porto exige da Metro do Porto uma resposta concreta, objetiva e imediata”, acrescenta a concelhia social-democrata.

Além da posição da STCP, também a análise da Polícia Municipal do Porto concluiu que o sucesso da operação da STCP no canal do metrobus dependerá da “perícia do motorista” e que “não estão reunidas condições de segurança” para o funcionamento da estação da Casa da Música.

“Ficou para nós claro que o sucesso desta operação dependerá em exclusivo da perícia do motorista”, indica a chefe da divisão municipal de trânsito da Polícia Municipal.

No relatório, a que Lusa teve acesso, a polícia acrescenta ainda que se deve ter em conta “o ‘stress’ a que [os motoristas] estão sujeitos em dias normais de trânsito”.

O PSD entende que fica provado que o projeto “foi conduzido sem visão, sem planeamento e sem respeito pelas reais necessidades dos cidadãos”.

A cada novo atraso, a cada adiamento inexplicado e a cada promessa por cumprir, a Metro do Porto reforça a sua incapacidade de gerir um projeto desta importância para a cidade“, refere, acrescentando que “os veículos a hidrogénio, um dos principais pilares do metrobus, continuam sem previsão de chegada” e “a estação de carregamento, essencial para o funcionamento do sistema, não foi sequer iniciada”.

Para o PSD/Porto, “em vez de uma solução real, a Metro do Porto entrega paliativos e alternativas ilusórias, como a utilização temporária do canal por autocarros da STCP”.

Os sociais-democratas consideram que “a falta de planeamento é tão grave que muitas paragens do metrobus não têm iluminação pública e estão já com sinais preocupantes de abandono”, uma situação que “compromete seriamente a qualidade do projeto e coloca em risco o bem-estar e a segurança dos cidadãos”.

“A ausência de luz e o desleixo evidente nas paragens já resultaram em problemas de insalubridade e numa perceção crescente de insegurança para os portuenses que dependem deste sistema, intensificando o seu descontentamento e a sensação de abandono por parte das autoridades”, descrevem.

O partido entende que os cidadãos “estão a pagar um preço elevado pela incompetência dos responsáveis, que parecem mais interessados em justificar o insucesso do que em apresentar soluções viáveis”.

“O Porto e os portuenses merecem um sistema de mobilidade que funcione e que esteja à altura das necessidades da cidade e do investimento feito”, conclui.

O metrobus será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.

Os veículos definitivos do serviço, cuja chegada está atrasada, custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.